sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Passepartout

Nova Edição do Sua Nota é um Show

Projeto de Educação Tributária retorna com mudanças


Por Juliana Almeida



_Em meio à crise da Cultura, está de volta o Projeto Sua Nota é um Show, integrante do Programa de Educação Tributária do Estado que conta com programações esportivas e culturais. Não se trata de uma reedição do projeto original, criado em 1999 pela Secretaria da Fazenda do Estado, mas de uma versão melhorada dele.

Show do cantor Lobão no projeto "Sua nota é um show".

Mudanças


_ O projeto original tinha como linha central a promoção de eventos massivos, que aglomeravam uma grande quantidade de pessoas. Por isso, o principal apelo era a oferta de shows musicais de axé, além da programação futebolística. O ingrediente básico do projeto, estimular o hábito do recolhimento das notas para arrecadação do Estado, continua. No entanto, preza-se com mais vigor ao atendimento de um dos objetivos do projeto desde a sua criação, incentivar atividades artístico-culturais e desportivas.

_ Segundo Jamile Vasconcelos, coordenadora do projeto, a inclusão de novas linguagens surgiu com o intuito de “ampliar o foco de interesse e abranger uma maior diversidade estética. Dentro de cada linguagem, procurou-se também contemplar diferentes estéticas. Em teatro, há espetáculo infantil, comédia, teatro de sombras; a dança traz o contemporâneo, popular e também infantil; a música, desde o rap ao regional, passando pelo rock e mpb; e o cinema apresenta curtas baianos e filmes nacionais que tiveram destaque nas salas de cinema.”

_ Para amenizar o problema da centralização das trocas de notas fiscais na Fonte Nova e evitar filas foram implantados postos de troca em shoppings da cidade, Aeroclube, Center Lapa e Barra. Apesar de todas essas mudanças, o público ainda não tem total conhecimento. A estudante de arquitetura Milena Chaves, 23 anos, ao ser informada sobre a nova versão do projeto, diz que acha interessante essas mudanças, mas questiona a falta de divulgação. “Não vi em lugar nenhum anunciando isso”, reclama.

_ Para a coordenadora do projeto, isso é um problema que será resolvido com o tempo, pois acredita que, como o projeto passou por um período em recesso, “É natural que as pessoas levem um tempo para se re-habituar, re-programar e re-criar hábitos. O mesmo vale para a familiarização sobre mudanças a cerca de periodicidade de espetáculos, grade de programação e, sobretudo, locais de troca”.


A magia das sombras no espetáculo do Teatro Lumbra.

Repercussões no Público

_ A Sala Principal do TCA, antes freqüentada pela classe alta da cidade, recebe agora um público diversificado que vai assistir a espetáculos até mesmo internacionais. Adolescentes, idosos, estudantes universitários, pessoas de diferentes classes sociais formam um público diversificado, e quebram com a idéia de que aquele espaço era reservado para um grupo seleto.

_ O Programa de Formação de Platéia também é responsável por esse quadro, uma vez que realiza um trabalho de parceria junto a instituições, projetos sócio-culturais, fundações e órgãos públicos. “No início da retomada do projeto, uma cota de convites foi distribuída para que a população se familiarizasse com a nova proposta e conceito estéticos. Atualmente, os mesmos convites são trocados pelas notas fiscais”, afirma Jamile Vasconcelos.

_ Entretanto a compra de ingressos nas mãos de cambistas ainda é um problema, pois causa especulações a respeito do caráter gratuito do projeto. “Limitar em dois o número de ingressos por CPF já dificultou bastante a ação, porém, ninguém pode impedir que o cambista troque as suas notas e ainda leve consigo, irmã, prima, vizinhos, familiares...”, explica Jamile. Por outro lado, o aumento no recolhimento das notas fiscais implementa a arrecadação do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços) o que significa mais dinheiro para o Estado. Assim, a população paga para esse projeto aconteça quando exige as notas fiscais.

Circo Urbano

“A hierarquia do espaço urbano está invertida”, diz especialista


Quem é esse pedestre que não vê o problema? É o da periferia. No bairro dele é muito pior”



Por Maria Clara Lima


_Refletir é uma palavra-chave. Assim diz o arquiteto e urbanista Francisco Santos Rocha, 58. Segundo ele, é preciso refletir sobre o crescimento da cidade e sobre a lógica invertida que prioriza o veículo em vez do pedestre. “A hierarquia do espaço urbano está invertida: o transporte é uma função derivada. Você define a situação do transporte e o pedestre é transparente ou fica com o que sobra”.

_Ele explica que muitos dos problemas urbanos vêm dessa lógica invertida. “Estamos construindo um modelo inviável e perverso de apelo ao transporte individual. Esse modelo não tem sustentabilidade econômica e nem ambiental”, diz.

_Em 2003, Rocha concluiu seu mestrado sobre o andar a pé em Salvador. Para o trabalho, a cidade foi dividida em quatro regiões e alguns problemas foram apresentados – como o acesso ao ponto de ônibus, a continuidade do caminho, a falta de educação do motorista, a imprudência do pedestre e a situação das calçadas. “Na região do Iguatemi, por exemplo, o caminho é descontínuo: você salta, pula, corre. Em síntese, caminhar no Iguatemi é uma corrida de obstáculos”.

_Ele chama a atenção para um outro fato: a existência de caminhos cortados na grama. “Isso significa que o caminho pensado pelos arquitetos e urbanistas não é o preferível do pedestre”. Para ele, o único ponto positivo na região é a passarela. Mas, segundo a pesquisa, para 35% dos pedestres entrevistados, não há problema algum. “Quem é esse pedestre que não vê o problema? É o da periferia. No bairro dele é muito pior”.

_Para Rocha, o descaso com a situação do pedestre é nacional. “Em todo o Brasil: a cidade é para o carro”. E quem pensa na cidade? “O poder público”, responde. Mas, ao trazer a questão para a Bahia, para ele falta pressão, uma organização fundamentada na consciência para que esta situação mude. “A cidade cresce de uma forma desordenada e quem paga o pato é o pedestre”.

_Sobre o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU), Rocha diz ser um bom plano, mas ressalta: “A cidade se faz espontaneamente, à revelia do plano. Como controlar é a questão”.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Lançamento - Fraude 5


Circo Urbano

Nilcéa Freire

_A Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres elogia a importante decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de abrir processo disciplinar contra o juiz Edílson Rumbelsperger Rodrigues, da cidade de Sete Lagoas (MG), que proferiu sentenças discriminatórias contra a aplicação da Lei Maria da Penha. Consideramos a iniciativa do CNJ um importante passo para a consolidação dos princípios da igualdade, isonomia e democracia na sociedade brasileira.

_Nossa decisão de encaminhar o ofício ao Conselho Nacional de Justiça, dando ciência das 70 sentenças discriminatórias proferidas pelo juiz, se deu justamente por acreditarmos na Justiça brasileira e nas conquistas das mulheres asseguradas na Constituição Federal de 1988.

_O ineditismo da decisão tomada em caráter unânime por este órgão, que tem como presidente a ministra Ellen Gracie, demonstra o elevado significado de sua criação, em 2004, e fortalece a referência estabelecida a favor da plena aplicação e implementação da Lei Maria da Penha.

_Consideramos esta decisão a mais vigorosa manifestação do CNJ pela aplicação da Lei Maria da Penha, desde a sua criação em agosto de 2006.

_Também não podemos deixar de destacar a atuação parceira do CNJ quando sugeriu aos Tribunais Estatuais de Justiça a constituição dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. Outra importante iniciativa foi a solicitação aos mesmos Tribunais no dia 9 de outubro, de informações sobre as ações de aplicação da Lei, com o intuito de avaliar os avanços da Justiça no combate à violência doméstica.

_Isso sem mencionar as Jornadas Maria da Penha que tanto estimulam a discussão e a divulgação da Lei.

_Portanto, entendemos que esta decisão de abrir processo contra o referido magistrado aproxima o Poder Judiciário, na figura do CNJ, dos anseios das mulheres brasileiras por uma vida livre de violência.


Nilcéa Freire
Ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Passepartout

Troféu Caymmi faz 20 anos


Luise Sales

_ Nem todos conhecem o Projeto Troféu Caymmi, mas ele já está bem velhinho. No próximo dia 27, no Teatro Castro Alves, durante o evento de entrega do Troféu Caymmi, será comemorado os seus 20 anos, completados no ano de 2005. Durante esse tempo, o projeto revelou grandes talentos da música baiana e brasileira, a exemplo de Daniela Mercury e Margareth Menezes, as quais, hoje, são conhecidas internacionalmente. Idealizado com o objetivo de resolver o problema da descontinuidade de shows e apoiar aos artistas para possibilitar uma repercussão maior no cenário cultural baiano e brasileiro, o projeto fez e continua fazendo jus ao papel que tomou para si, de apoiar e revelar artistas e profissionais da música nacional.

_ A comemoração dos seus 20 anos traz ainda mais novidades para o panorama cultural, além de soprar velinhas no tradicional evento de entrega do troféu, um coquetel inaugurara a casa de Cultura Caymmi, onde funciona a sede do projeto e oficinas sócio-culturais para jovens em situação de risco social. Para fechar a programação, um show será realizado na Concha acústica do TCA, com grandes nomes da música como Daniela Mercury, Danilo Caymmi, e Tetê Spinola. Segundo os organizadores, a renda será revertida para o Projeto.

_ Apesar de tanto prestigio e importância, o Projeto passa por dificuldades econômicas acentuadas. Apenas a Chesf, através do Faz Cultura, ajuda na manutenção. A falta de maiores incentivos públicos e de patrocínio privado tem dificultado a continuidade do Caymmi, o qual durante esses vinte anos revelou tantos sucessos e mobilizou o sonho de tantos artistas.

_ Segundo Tucá Moraes, idealizador e gestor do Projeto, “A celebração desses vinte anos representa um estágio de realização e renovação pela qual passa o Troféu Caymmi, apesar de continuar desafiando as conjunturas econômicas. O projeto cada vez mais se firma no cenário da cultura baiana, devido à mobilização espontânea de artistas e por continuar aquecendo a cadeia produtiva da música”, afirma.

_ Contando hoje com o apadrinhamento de artistas e com a tradição de uma marca já consolidada, o projeto Caymmi ainda consegue se manter e continua estimulando o mercado cultural baiano além de promover talentosos artistas da nossa música.


Fotos: Vera Miliotti/ Marcio Lima/ Adenor Godim

Saiba Mais

Site Oficial: www.projetotrofeucaymmi.com.br

Tel. de contato: 34911254

Lançamento - Lupa 3 (21/11/2007)

Lupa 3



Nessa quarta-feira, 21 de Novembro, aconteceu o lançamento da revista Lupa nº 3 na Faculdade de Comunicação da UFBA. A revista foi produzida pelos alunos da disciplina Temas Especiais em Jornalismo Impresso 2007.1, do curso de Jornalismo.

A sua distribuição é gratuita.

Veja as fotos:

Samuel Barros, estudante de jornalismo, entregando a lupa na Facom.


Capa da Revista Lupa 3 exibe o repórter, Zé Bim, personagem da matéria "Pátio dos milagres".

Estudantes da Facom garantem o seu exemplar e analisam o material.




Estudantes admiram a arte gráfica da nova lupa.

O diretor da Facom, Giovandro Ferreira, prestigia a revista.

Graciela Natansohn, editora-chefe da revista lupa, conferindo a 3ª edição.

Decoração feita com origamis chama atenção durante a distribuição.
(fotos: Marcel Ayres)


Neste número, chineses e japoneses nos contam o que os trouxe de terras tão longíquas. Investigamos porque as revistas regionais não vingam. Assistimos os telejornais locais e, entre risos e choros, acompanhamos a rotina popularesca de seus principais figurões. Uma entrevista com Roger N' Roll, comandante das noites de sexta-feira, com a sua borracharia nada convencional. Ainda nesta edição, gays e lésbicas contam o que têm que enfrentar na escola, maldito preconceito, em pleno séc. XXI. Contra tabus e violência sexista, há muito o que ser feito em matéria de educação. E também, estudantes que ousam mudar de curso, artistas que invadem as ruas, tattoo, ensaio fotográfico e algumas pestes literárias.

Faculdade de Comunicação da UFBA
Salvador, Bahia - Brasil

Contato:
Tel: (71) 3263-6174, 3263-6177

E-mail: lupa.facom@gmail.com - lupa.revista@gmail.com
www.facom.ufba.br



Em breve, Lupa 4.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Impressões

Insetos sociais

Por Marcel Ayres


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Marcel Ayres é estudante do 1º semestre de jornalismo na Facom-UFBA

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Impressões

Livre

Por Anne Oiticica


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Anne Oiticica é estudante do 4º semestre de Produção Cultural na Facom-UFBA
e monitora de fotografia do LabFoto

domingo, 18 de novembro de 2007

Impressões

Minha jangada vai sair pro mar...

por Mariele Góes

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Mariele Góes é estudante de Jornalismo (2º Semestre) - Facom-UFBA

Circo Urbano

A dificuldade em ser pedestre em Salvador

Maria Clara Lima


_As calçadas são estreitas e esburacadas. Como se não bastasse, obstáculos como carros estacionados, ambulantes e barracas de revista dividem o pequeno espaço dos passeios públicos com os pedestres de Salvador. O natural, nestes casos, é andar no asfalto. Assim faz diariamente Conceição Maria de Jesus, 48.

_Conceição é diarista em três casas, todas em bairros diferentes da cidade. No entanto, para ela, o pior trecho é onde mora, no Rio Vermelho. “Ali os carros ficam todos em cima da calçada. Aí desço para o asfalto e tenho que esperar o carro parar, senão não dá”. Conceição confessa que tem medo de ser atropelada – inclusive, quase já foi por uma moto. Qual seu prejuízo? A resposta é simples: “se eu for atropelada ali, quem é que está errada? Não sou eu?”.

_Atropelada ela não foi, mas a agente de viagem, Cristina Silva, 52, fraturou seu pulso e, há seis meses, ainda está com a mão direita praticamente imobilizada. Cristina caiu, ironicamente, em uma rampa que dá acesso à calçada ao sair de uma missa na Igreja Nossa Senhora da Luz, na Pituba. “Acho que tinha areia, mas, mesmo assim, tem que ter manutenção”. Ela conta que depois da queda, fez duas cirurgias e ficou três meses com a mão imobilizada, precisando de ajuda para realizar atividades rotineiras como tomar banho e comer.

_As melhoras começaram a aparecer há dois meses, quando começou um processo de reabilitação com a terapeuta de mão, Mirella Lima. Mirella tem uma média de dez pacientes regulares por conta de quedas nas calçadas. “Geralmente são paciente idosos que fraturam a mão e o pulso ao tentarem se apoiar, porque tropeçam em pedras soltas e buracos”. Segundo ela, o processo de reabilitação é lento e, os de fraturas mais graves, ficam com algumas limitações. Ainda assim, muitos conseguem recuperar os movimentos. “Mas estes ficam temerosos em sair de casa com medo de cair novamente”.

_Cristina ainda está na metade do processo. A esperança é de que recupere todos seus movimentos. Aborrecida com o incidente, não só reconhece a dificuldade para se andar nas calçadas de Salvador, como ainda envia um recado aos responsáveis. “Vou dar um exemplo de cada: na Barra, os carros estacionados; na Avenida Sete de Setembro, os camelôs e, na Pituba, onde moro, os buracos. A gente anda no asfalto em todos esses bairros. Para mim, o prefeito deve ter mais cuidado com a cidade”.

Responsabilidade

_De quem é a responsabilidade? Da prefeitura e dos órgãos locais. É o que diz a advogada Teresinha Alves. No entanto, ela explica que a manutenção de alguns trechos de calçadas – aqueles situados na frente de edificações – não são responsabilidade somente da prefeitura, mas também dos lojistas e moradores. Neste caso, cabe à Superintendência de Controle do Ordenamento e Uso do Solo (Sucom) fiscalizar, advertir e multar os responsáveis.

_Mas, segundo a advogada, a iniciativa, geralmente, parte da sociedade. “O que acontece muito são comunidades locais pleitearem, frente a prefeitura, o conserto dos passeios ou os lojistas requisitarem um espaço reservado para os camelôs”.

_No que diz respeito aos carros estacionados nas calçadas, para Teresinha, deve-se ter em conta a falta de educação no trânsito por parte dos condutores. “É proibido, todos sabem que é. A Superintendência de Engenharia de Tráfego (SET) tem feito até um bom trabalho, multando estes carros, mas ela não pode estar em todos os lugares”.

_De qualquer modo, as providências tardam. E, para sentir esta dificuldade, não precisa ir além dos arredores da Ufba: basta andar um pouco nas calçadas da Ondina.

_Até o fechamento desta reportagem, nenhum representante da prefeitura foi encontrado para comentar o assunto.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Circo Urbano


Violência Doméstica


Carol Marques

_Em tempos do Juiz Edilson Rumbelsperger Rodrigues, de Sete Lagoas (MG), a violência sofrida pela mulher é algo banal. As pesquisas apontam que em apenas 40% dos casos, a vítima denuncia o agressor, o que contribui para a impunidade de um crime que na maioria dos casos é cometido pelo companheiro. Mas a quantidade de denúncias aumenta a cada ano, deixando de ser um assunto privado para se tornar um crime público. Hoje apenas em Salvador, existem duas delegacias especializadas em violência contra a mulher no bairro dos Barris e Engenho Velho de Brotas.

Em sentenças nada convencionais, o Juiz afirma que:

"Ora, a desgraça humana começou no Éden: por causa da mulher, todos nós sabemos, mas também em virtude da ingenuidade, da tolice e da fragilidade emocional do homem (...) O mundo é masculino! A idéia que temos de Deus é masculina! Jesus foi homem!"

_A violência doméstica não existe apenas na agressão física, ela pode tomar a forma de violência psicológica e mental, o que inclui agressões verbais, perseguição, clausura, privação de recursos físicos e financeiros e até mesmo a proibição de contato com familiares e amigos.

_Atualmente existe um estereótipo de que o homem que bate na companheira geralmente é usuário de álcool ou drogas mais pesadas. Os estudos comprovam que na maioria dos casos a vítima convive bem com agressor e a violência ocorre em momentos de irritação do homem que, na maioria das vezes é perdoado pela mulher, mas acaba reincidente no crime.

_No dia 7 de agosto de 2006, foi sancionada a lei n.º Lei 11.340, que é uma das leis mais rígidas do código civil Brasileiro e que recebeu o nome de “Lei Maria da Penha”, em homenagem a pessoa símbolo da luta contra a violência familiar e doméstica. Maria da Penha Fernandes ficou paraplégica após duas tentativas de homicídio por parte de seu ex-marido. A punição ao ex-companheiro só ocorreu 19 anos e 6 meses depois, mas só passou 2 anos em regime fechado.

_O Juiz Edílson Rodrigues considera a lei Maria da Penha como anticonstitucional e “um conjunto de regras diabólicas”. Para A.S., vítima de maus tratos do marido, o juiz é um louco. “Se ele tivesse sentido na pele o que eu senti, não teria dito essas coisas”. A lei é considerada um marco na defesa da mulher contra a violência doméstica e criou instrumentos que ajudam a coibir esse tipo de crime.


Delegacias de proteção à mulher - Salvador- Bahia.

* Delegacia de Proteção à Mulher
Endereço: av. Vale dos Barris, s/n - Barris
Tel.: (71) 329-8500 / 328-5003

* Delegacia de Proteção à Mulher
Endereço: rua Padre Luiz Figueira, s/n - Eng. Velho Brotas
Tel.: 0800 71 6464

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Como Hefesto, eu tenho algo que te recorde minha deusa.

Miria Lima

Busca o belo da vida?
Por acaso já procurastes o prazer de iniciar o dia observando a magnitude do nascer do Sol?
Tivestes a curiosidade de observar as fases da lua, de vê-la cheia, impressionantemente iluminada, aberta para tua observação?
Procurastes entender a ternura do ato de amar?
O sentido de fazer amor não se limita à excreção de um líquido alge-carnal, mas se completa quando inicia a penetração dos sentidos, na sutileza do abraço final, quando a carne, já saciada, curva-se ao orgasmo da alma.
Procure o sentido do que transcende a harmonia dos traços, das formas... e vê o implícito para adorares Hefesto. Sinta, enquanto puderes, o ar que respiras. Entenda que tuas glândulas lacrimais não produzem secreções apenas para a dor; que o morrer e o nascer são respectivamente o despertar da sensibilidade em detrimento da vida, e a vida em detrimento da insensibilidade.
Aprenda com o passado e use o que aprendestes para aperfeiçoares o agora – somos um agora! Urge que experimentemos tudo que somos e temos para estarmos melhor.
Não há tempo a perder no prazer melancólico de acarinhar os vestígios que ficaram das feridas... Imaginar que seria diferente, não faz diferença o quanto diferenciar.
Até no fim existe o belo porque ele se contrapõe a um recomeçar...
Enxerga isso hoje, observa no fim do dia a lição do deus Sol, quando ele, fulgurante, põe-se pra que seu fulgor não nos impeça de ver luz nos outros astros.

sábado, 3 de novembro de 2007

Cubo Mágico - Sub-versão

João e Maria


Marcelo Oliveira

João e Maria eram dois punks que viviam na Floresta Encantada junto com seus pais, o lenhador e a dona de casa oprimida. Até os dois meninos se revoltarem contra o Sistema tudo eram flores. Mas, uma vez que a rebeldia começou, os pais exerceram sua autoridade e lhes impuseram um leve castigo: expulsão vitalícia de casa.

Enquanto largavam-se drogados na relva, a falar de sonhos e liberdade, seus pais vieram por detrás e delicadamente os esmurraram, até desmaiarem.

Logo depois disso, eles foram arrastados floresta adentro por uma trilha secreta que seus pais usavam quando jovem e que resultou no casamento deles. Antes de abandonarem as crianças, os progenitores sofreram horrores:

“É muita dor pra uma mãe, isso...”, a chorar. “Cale a boca mulher!, que eu que sou homem que tenho que agüentar esse martírio”. E se foram.

Por dias João e Maria, perdidos, souberam o que era a fome. Inicialmente odiaram o Sistema tão desigual, pra logo depois voltar atrás, implorando que tivessem de volta o capitalismo do hambúrguer e das fritas. Foi em meio a este pedido desesperado aos céus, que eles avistaram uma apetitosa miragem: uma casa toda feita de hambúrguer, fritas, doces variados e coloridos, e com uma calha de onde caía refrigerante.

Comeram, com uma ânsia jamais vista num ato sexual. Felizes, e agora curiosos, entraram na casa pra ver o responsável pela arquitetura gastronômica.

Logo que entraram, uma sala de paredes branco-hospital e um estalo raivoso no ar, que quando os atingiu, induziu sono profundo.

...

Acordaram, a vista tornando do preto para as cores do mundo ao redor. Então viram uma figura tenebrosa: uma bruxa alta, magérrima e desengonçada, parecendo um esqueleto. Ela tinha voz fanha e raivosa:

“Odeio criança gordinha! Odeio gordura, odeio fritura, odeio o Sistema!!!”

João e Maria protestaram, mas até as suas mortes nunca mais comeram. Se viciaram em anfetaminas, enquanto subnutriam-se.



Marcelo Oliveira é estudante de Comunicação - Jornalismo na Universidade Federal da Bahia.