1968, juventude e militância
Viver sob uma ditadura, creiam os mais jovens, não é uma experiência agradável. Muito ao contrário. O melhor mesmo, com todas as suas imperfeições, é a democracia. Não há um modo político que a substitua com vantagem. E não há a possibilidade de comparar épocas tão distintas – aquela, quando vivemos sob um regime de terror e medo, e esta, depois de 1985, quando o País pôde respirar, quando as contradições, bem ou mal, puderam ser enfrentadas à luz do dia.
Eu dizia, esses dias, em entrevista dada a Samuel, estudante da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia que fazia matéria para a revista Lupa, produzida pelos alunos, tratar-se de uma ousadia alguém tentar interpretar a atividade política da juventude dos dias atuais já tendo chegado à casa dos 60 anos de idade. Corria um risco muito grande, inclusive, talvez, o do saudosismo, pois, afinal, havia participado decisivamente do movimento estudantil de 1968.
Além disso, depois me dedicara à luta contra a ditadura, já clandestino, militando na Ação Popular, organização marxista que defendia a luta armada. Eram interpelações feitas a mim mesmo, para que evitasse esse saudosismo, que condeno. Não é que não se deva valorizar tudo o que foi feito naquele ano tão cheio de promessas, de expectativas redentoras – tudo o que ele representou como um momento de semeadura de sonhos, de esperanças, de utopias. Deve ser lembrado assim, à Walter Benjamin, como um ponto luminoso do passado, trazido ao presente, para que sejamos capazes de prosseguir em busca daqueles mesmos sonhos, em outras condições e circunstâncias. LEIA MAIS
Em breve, LUPA 5.
Emiliano José
Este é um ano que 1968 volta à cena. Outra e mais uma vez. É o aniversário de 40 anos. 1968 já é um senhor respeitável. Com este senhor, o eterno retorno de um debate: o papel da juventude. E nessa discussão emerge sempre um acentuado saudosismo, que atinge tanto os mais velhos, aqueles que viveram aquele ano mágico-redentor, quanto os mais jovens, de alguns dos quais já ouvi o lamento por não tê-lo vivido. Alguns lamentam não ter tido a chance de ter nascido numa época em que pudessem enfrentar a ditadura.
Viver sob uma ditadura, creiam os mais jovens, não é uma experiência agradável. Muito ao contrário. O melhor mesmo, com todas as suas imperfeições, é a democracia. Não há um modo político que a substitua com vantagem. E não há a possibilidade de comparar épocas tão distintas – aquela, quando vivemos sob um regime de terror e medo, e esta, depois de 1985, quando o País pôde respirar, quando as contradições, bem ou mal, puderam ser enfrentadas à luz do dia.
Eu dizia, esses dias, em entrevista dada a Samuel, estudante da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia que fazia matéria para a revista Lupa, produzida pelos alunos, tratar-se de uma ousadia alguém tentar interpretar a atividade política da juventude dos dias atuais já tendo chegado à casa dos 60 anos de idade. Corria um risco muito grande, inclusive, talvez, o do saudosismo, pois, afinal, havia participado decisivamente do movimento estudantil de 1968.
Além disso, depois me dedicara à luta contra a ditadura, já clandestino, militando na Ação Popular, organização marxista que defendia a luta armada. Eram interpelações feitas a mim mesmo, para que evitasse esse saudosismo, que condeno. Não é que não se deva valorizar tudo o que foi feito naquele ano tão cheio de promessas, de expectativas redentoras – tudo o que ele representou como um momento de semeadura de sonhos, de esperanças, de utopias. Deve ser lembrado assim, à Walter Benjamin, como um ponto luminoso do passado, trazido ao presente, para que sejamos capazes de prosseguir em busca daqueles mesmos sonhos, em outras condições e circunstâncias. LEIA MAIS
Em breve, LUPA 5.
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