quinta-feira, 31 de julho de 2008

Passepartout

SESC abre edital para autores iniciantes


por Samuel Barros

_ Estão abertas, até o dia 15 de agosto, as inscrições para o Prêmio SESC de Literatura 2008. O concurso pretende premiar textos inéditos, escritos em língua portuguesa, por autores brasileiros ou estrangeiros residentes no Brasil, nas categorias conto e romance. Os participantes não podem ter nenhum livro publicado e a obra apresentada para avaliação deve ser inédita em meio impresso ou digital.
_ O vencedor de cada categoria terá sua obra publicada e distribuída pela editora Record, cabendo o direito a 10% do valor de capa na comercialização em livrarias, além de distribuição na rede de bibliotecas do SESC e outros espaços culturais.
_ Na edição do ano de 2007, participaram 422 escritores brasileiros que nunca tinham sido publicados. Dois paulistas foram os vencedores do Prêmio: Sergio Guimarães, autor do romance “Zé, Mizé, Camarada André: notícia de Angola”, e Mauricio Fiorito de Almeida, escritor da coletânea de contos “Beijando dentes”.
_ O lançamento dos livros dos vencedores da última edição está previsto para julho deste ano, na Academia Brasileira de Letras, e em seguida os novos escritores iniciam circuito de lançamentos e eventos especiais de literatura do SESC por todo o país, como as Feiras de Livros, Cafés Literários e as Jornadas Literárias.


Edital
http://www.sesc.com.br/premiosesc/premioSESC2008_edital.pdf

Ficha de inscrição
http://www.sesc.com.br/premiosesc/premioSESC2008_inscricao.pdf

Sesc
http://www.sesc.com.br

Editora Record
www.record.com.br

segunda-feira, 28 de julho de 2008

"Era uma vez..." e outras historinhas

por Mariana Reis


_Não. O novo filme de Breno Silveira, "Era uma Vez...", não é uma história de amor. Não é nem Romeu nem Julieta. Não é tráfico de drogas. Não é favela. Não é asfalto. Não é Ipanema. Não é Brasil. Não é violência, nem carinho, nem amor. Não é uma história de amor. Pobre de Romeu se provasse do veneno das cidades de verdade, com suas armas de verdade e seus olhares verdadeiramente indiferentes. O filme não é um "Romeu e Julieta contemporâneo com nuances de crítica social e variáveis neoclássicas da beleza na paupérie" ou qualquer bosta pronta feita pela crítica pós-graduada em Londres. O filme é beleza e é defeito, mas assume sua dignidade oferecendo a cara para alguma bofetada mais animada, ou para algum daqueles olhares indiferentes e insossos.

_Quem assistiu ao filme no dia 22 de julho, no IV Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual, não tirou os olhos de Dé (Thiago Martins) e Nina (Vitória Frate). Porque era também amor e porque era verdade. Dé é Thiago, menino do morro, menino de verdade. Thiago é Dé de carne e osso. É menino negado para o papel de Dé seis vezes. "Era uma Vez..." é toda essa mesmice que é nossas vidas, esse amorzinho babaca, essa violênciazinha batida, esses pivetinhos que perturbam um bom jogging no calçadão, esse discursinho moral por causa de um baseadinho, tudo muito explorado no cinema! Bom mesmo é o curta-metragem "Areia" de Caetano Gotardo que fala sobre...sobre o que mesmo?Ah, sobre a areia. Pois, que "Areia" recebeu aplausos do supra-sumo do cinema da Bahia. Quanto ao filme de Breno Silveira? Pessoas levantaram antes do final. Não que eu tenha gostado muito do final apocalíptico, mas essa baboseirinha de desigualdade social já tá fora de moda. A tendência mais in da próxima estação é areia. Lindas rodas de discussão sobre areia. Isso sim.

Passepartout

Labirintos mitológicos

Por Amanda Luz


_Não é mais novidade que cada vez mais a arte tem tentado diminuir a distância entre o artista e o espectador. Ao misturar mitologia grega e aspectos locais em um espetác
ulo itinerante, entretanto, a proposta do Grupo Vilavox é trazer uma nova experiência para o público, que será parte ativa na condução da peça teatral Labirintos.

_O espetáculo, com direção de Patrick Campbell (doutorando em Artes Cênicas na UFBA), estréia na próxima sexta (01/08) e traz uma releitura dos mitos gregos de Teseu, Pasífae e Dédalo às dependências do Teatro Vila Velha e ao Passeio Público. Movimento, canto e técnicas circenses ajudarão a contar essas histórias, que estarão interligadas pela construção do labirinto onde está encarcerado o Minotauro.


_Quem quiser acompanhar os bastidores da criação da peça, com imagens e textos do processo de montagem, pode conferir o blog http://labirintosdovilavox.blogspot.com.

_Espetáculo Labirintos
Montagem: Grupo Vilavox
Direção: Patrick Campbell

Quando: fins-de-semana de Agosto, sempre às 20h
Onde: Teatro Vila Velha
Valor: R$ 20 (inteira), R$ 10 (meia)


domingo, 27 de julho de 2008

Impressões

_Classificados no Rio de Janeiro :

por Ive Deonísio

_Em São Paulo, ainda não chegou a tecnologia dos classificados com fotos, mas eles são mais diretos na localização do anúncio:

_Já aqui em Salvador o recadinho vem à lápis, atrás das portas dos banheiros públicos.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Passepartout

Primeiro dia de Seminário de Cinema promete semana interessante

por Ana Camila

O primeiro dia do IV Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual, que acontece em Salvador essa semana no Teatro Castro Alves, foi marcado por atrasos, interessantes discussões sobre temas batidos e algumas surpresas inusitadas.

Pela manhã

Marcada para ter início às dez da manhã, a primeira mesa só se apresentou às 10h40min, com a presença dos cineastas brasileiros Jorge Bodanzky e Joel Pizzini, e do professor e documentarista italiano Elio Rumma. Mediada pelo professor Francisco Serafim, esta primeira conferência do seminário teve como tema central a boa e velha discussão sobre os limites do real no cinema documentário. Se o tema é por demais batido no meio acadêmico, os palestrantes acabaram por dar uma atualizada interessante no tema, o que foi agradável e surpreendente.

Elio Rumma falou da importância de o público reconhecer o documentário não como um gênero à parte da ficção, mas como sendo a origem de todo o cinema, referindo-se aos filmes dos irmãos Lumière, considerados inventores do cinema, que nada mais eram que registros do cotidiano das pessoas. Rumma concluiu sua fala fazendo um convite aos jovens da platéia para que se deixassem envolver mais pela produção de filmes documentários e que voltassem seus olhares a esse tipo de filme com mais atenção e carinho.

Já o cineasta Jorge Bodansky preferiu falar do que chamou de “docdrama”, com base nos trabalhos que fez ao longo da sua carreira. Exibindo trechos de filmes seus, Bodansky discutiu os limites entre ficção e documentário em obras como “Iracema”, de 1974, que co-dirigiu com Orlando Senna. O autor exibiu trechos e defendeu a idéia de que esses limites são cada vez mais imprecisos, já que a ficção e a idéia de realidade que o documentário pressupõe dependem uma da outra, e cada vez mais.

Finalizando o debate, o cineasta Joel Pizzini trouxe uma abordagem mais teórica, e procurou discutir o que se entende por real no cinema e no documentário. Recorrendo à reflexões de Alberto Cavalcanti, Pizzini falou sobre como a noção que o público tem hoje do documentário se dá a partir de amarras de nomenclatura e de lógica jornalística televisiva. O cineasta, talvez demasiado eufórico, procurou abordar uma série de outros temas e abstrações, se perdendo um pouco e preocupando o mediador, já que não parecia querer parar de falar. Mas parece que a platéia gostou, já que a maior parte das perguntas se dirigiu a ele, que aproveitou para falar muito além do que as respostas demandavam.

Pela tarde

A segunda mesa (que também teve atraso de 40 minutos – será de propósito?) do dia teve como tema o uso da música no cinema. Tema de extrema importância, principalmente acadêmica, a mesa contou com o professor canadense Randolph Jordan, o compositor francês Silvain Vanot, o professor e compositor baiano Guilherme Maia e ninguém mais ninguém menos que... Carlinhos Brown.

A situação foi algo constrangedora. Jordan trouxe sua pesquisa sobre o uso da música nos filmes do cineasta Gus Van Sant. Vanot falou de sua experiência como compositor de trilhas sonoras e da sua pesquisa sobre a construção da tensão no final dos filmes a partir da música. Guilherme Maia também abordou as estratégias musicais e sonoras dos filmes para causar determinado efeito no espectador, usando exemplos de filmes de Sergio Leone. Mas Carlinhos Brown... Hummm, ele mesmo disse que não tinha um roteiro, e ficou sem graça quando pessoas se retiraram no meio da sua fala. No fim das contas, o que ele disse é que está aí para participar junto com todo mundo dessa “mentira que é o cinema”. Massa.

Pela noite


As noites do Seminário são cheias de filmes, que se dividem em mostras na Sala Principal do TCA e na Sala do Coro. Nessa primeira noite, a principal atração foi o filme Bamako, do cineasta africano Abderrahmane Sissako, uma deliciosa surpresa, que veio seguida da exibição do curta baiano A Cidade Cargueiro, de Aline Frey (fraquiiinho), e da animação em stop-motion Dossiê Bordosa, de César Cabral.

Fique por dentro da programação completa do seminário acessando o site do evento. Se não se inscreveu para assistir às mesas redondas, você pode acompanhá-las via internet, ao vivo, no mesmo site. E também pode comprar ingressos para os filmes em exibição, vendidos por 10 reais (inteira).

Impressões

Ricky Pai

_ Ricky Pai é fotógrafo profissional de cosplayers. Seu portfólio, que pode ser acessado em http://cosplay-photo.com, traz fotografias realizadas em eventos de Taiwan, EUA e Japão.


_ Saiba mais sobre cosplay na Lupa 4. Faça o download ou visualize no seu próprio navegador, pelo Issuu.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Informação e Criatividade


Perfil no orkut - Lupa

Comunidade - Blog da Lupa

Passepartout

O amor já inspirou inumeráveis obras, a dor de cotovelo então...

_No mundinho(?) virtual circulam um monte de coisas interessantes, sem função alguma, mas que servem pra demonstrar o quão ilimitada pode ser a criatividade de uma pessoa, sem nada para fazer, com um mouse na mão. Eis que da série: coisas que eu sempre quis fazer e nunca soube como, aparece esta pérola:


autor desconhecido

por Ive Deonísio

Passepartout

Encontrando o Walrus

Por Amanda Luz


_John Lennon está vivo e você, aos 14 anos, tem a oportunidade de fazer uma pergunta ao beatle. O que você perguntaria? Em 1969, Jerry Levitan teve essa oportunidade quando encontrou Lennon num quarto de hotel e fez uma breve entrevista sobre "paz". Unida a uma animação muito bacana, a gravação traz John falando sobre seus problemas ao entrar nos Estados Unidos, sobre os homens serem violentos e sobre os problemas com as guerras no contexto mundial. "Viva para a paz", ele diz.

_O garoto conta que alguns amigos canadenses não gostam dos Beatles porque eles fumavam maconha e eram hippies. Então John Lennon responde que suspeita que esses amigos eram squares ("caretas").

_O vídeo é curto, mas vale a pena. Confira (em inglês):

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Passepartout

Quando música é pra ler


por Ana Camila

Se música fosse literatura, que histórias ela contaria? Foi a partir dessa pergunta que a dupla Danilo Corci e Ricardo Giassetti criou a Mojo Books, primeira editora de livros totalmente digital no Brasil. A idéia é simples e bem bacana. Sabe aquele disco que é o disco da sua vida? Sabe aquelas imagens que vêm na sua cabeça cada vez que o escuta? Ou ainda a história que aquele disco, por si só, conta com as suas músicas? Pois é, a Mojo Books publica histórias escritas com base em discos, por autores desconhecidos de todo o país.

Criada em 2006, a Mojo Books já publicou 69 livros, com a atual freqüência de um por semana. Mais voltado para uma cultura jovem, com muita referência pop, os livros publicados pela editora passam por discos do David Bowie, PJ Harvey, Nirvana, Ramones até Cartola, Chico Buarque, Pato Fu e Pitty. Álbuns clássicos também têm seus representantes literários, como é o caso do “Revolver”, dos Beatles, e do “American IV”, do Johnny Cash, entre algumas outras pérolas aqui e ali.

Disponibilizados em formato pdf, que você pode baixar após se inscrever no site, não se pode negar que os livros publicados pela Mojo Books oferecem muitas surpresas. Nem todos eles tratam de amores falidos ou do homem contemporâneo que já não vê sentido na vida, temas bastante queridos pela cultura pop. Há também histórias de terror, de ficção, amores tranqüilos... Como tudo na vida, há que garimpar, e o site da Mojo Books é cheio de atrativos, além de ser bastante auto-explicativo e visualmente bonito. Por lá você encontra Radiohead, The Doors, The Cure, Jimi Hendrix, Caetano Veloso, Pantera, Rita Lee, Ryan Adams, Morphine, Madonna... E a lista segue...

Os arquivos pdf contam com um apurado trabalho de diagramação visual, e, se você quiser imprimir, as folhas cabem exatamente numa capinha de cd, formando um encarte. Revelando uma particular atenção às possibilidades do meio digital, a equipe Mojo Books nada deixa a desejar em termos de criatividade visual e apuro técnico.

Books, singles e comics

Como a idéia é muito boa, a Mojo Books não parou só nos livros baseados em álbuns. Há também uma seção na qual os autores podem escrever contos ou pequenas narrativas sobre uma música somente. Em geral, a Mojo publica o livro do álbum de uma banda e o lança junto com uma história com base num single. Nessa última semana, o livro lançado foi “Without You I’m Nothing”, do Placebo, e o single “Every You Every Me”, cada um escrito por diferentes autores. O mais interessante é que você lê o conto na própria página da Mojo (não é necessário fazer download, como no caso dos livros), e ainda pode ouvir a música enquanto lê. Uma fitinha toca o single repetidamente, todo um detalhe visual e criativo oferecido pela editora.

Há também a seção Comix, que publica histórias em quadrinho com base em um disco ou uma música. Apesar de ser a parte menos produtiva do site (conta apenas com duas publicações), é talvez a mais criativa, principalmente num momento em que a produção de quadrinhos no Brasil está crescendo bastante.

Para ter acesso ao catálogo da Mojo Books, acesse o site da editora, se cadastre e baixe os livros que quiser. O site oferece ainda muitas opções de interatividade, como a possibilidade de avaliar os livros publicados, além de fazer comentários visíveis para todos os visitantes. E, claro, se você também quiser escrever a sua história, é só escrever e enviar, pelo site mesmo, aos editores, que garantem não ter preconceito com bandas ou músicas da época ou nacionalidade que forem. A única exigência é que a história seja boa, que não remeta muito obviamente ao disco – ou seja, que não faça citações diretas às letras, que não contenham traduções nem versões – e que não seja uma espécie de declaração de amor desenfreada. No mais, tudo é bem vindo na Mojo Books.

Claro que, aqui, o conceito de literatura é um pouco abrangente. Se a idéia de escrever uma história com base num disco que, de alguma forma, mexeu com a sua vida é uma idéia por demais tentadora, por outro lado é complicado lidar com a criatividade literária que se encontra além do mero entusiasmo. Há casos de livros publicados, como a série Fiona Apple (três livros, cada um dando conta de um dos discos da moça), que pareceu não entender muito bem o universo da cantora, ao colocá-la como uma maníaco-depressiva raivosa, ou como “Back to Black”, que lida de forma pouco criativa com o clichê da imagem da Amy Winehouse. De qualquer forma, a Mojo Books é um espaço aberto a aspirantes a escritores, sendo uma vitrine e, ao mesmo tempo, uma biblioteca inspirada no universo musical.

Luto


Morre Jornalista e Fotógrafo, Oldemar Vítor, professor da Facom.

Vai ser sepultado hoje, 16, no Cemitério do Campo Santo o jornalista e fotógrafo Oldemar Vitor, professor da Faculdade de Comunicação da UFBA.
Texto de Tasso Franco
(Bahia Já)

Solteiro, 65 anos, residente no Parque São Paulo, Vitor foi encontrado morto em casa. Aos amigos tinha confessado, recentemente, que estava com insuficiência de ferro no organismo e se encontrava bastante magro.

Vitor era formado pelo antigo curso de jornalismo da FAFIUFBA, em 1970, da última turma de três anos antes da reforma universitária empreendida pelo então reitor Roberto Santos, depois dos agitados atos de 1968.

Fotógrafo de mão cheia atuou no Jornal do Brasil, Veja, O Globo e outras sucursais instaladas em Salvador e foi editor de fotografia do Bahia Hoje quando instalamos o primeiro jornal on-line na Bahia, no início dos anos 1990.

Encontrei-o pela última vez na Expo de Carybé, na fortaleza além Carmo, quando dei-lhe uma carona para o Chame-Chame.

Fazia parte da geração de jornalistas do início dos anos 1970 integrada, entre outros, por Paolo Marconi, Pedro Formigli, Pancho Gomes, Isidro Duarte, Sérgio Matos, Carlos Navarro, Reynivaldo Brito.

Companheiro de birita de longo curso costumava tomar uisque lançando a fumaça do cigarro dentro do copo. (TF).


"Para todos aqueles realmente capazes de ver, a fotografia tirada por você, representa o testemunho da sua existência". -

Paulo Straub

Meio e Mensagem

Conheça o Qik!

Por Marcel Ayres

_Num dia qualquer, você, estudante de jornalismo que gasta a sola do sapato atrás de um estágio na cidade, presencia um acidente terrível. Rapidamente, pega o seu celular e filma o ocorrido. O seu primeiro furo!

_Após filmar tudo, você deseja publicar a imagem para que ela obtenha conhecimento público. Alguns colegas utilizariam o bom e velho youtube, mas em tempos de tecnologias móveis e ascensão vertiginosa da web 2.0, a rapidez e praticidade das ferramentas de publicação são fundamentais.

_Para isso, foi criado o Qik. No site você pode fazer um streaming de vídeo do próprio celular para a rede, basta fazer um cadastro no site e confirmá-lo por SMS... voilà! Poderá publicar vídeos ao vivo para todo o mundo!

_O serviço vem sendo utilizado não apenas para veiculção de coisas corriqueiras, mas também vem se tornando uma ferramenta útil para o jornalismo digital.

Link:

http://qik.com/

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Passepartout

Entrelinhas da infância

Por Diego Carvalho*

_É no universo da infância que são forjados os adultos póstumos. Experiências vividas naqueles vastos anos que se espremem na metamorfose da criança em adulto são repletas de informações sobre as raízes da personalidade dos indivíduos. Sendo assim, olhar para trás significa buscar a essência própria, catar os grãos de vida que foram incorporadas ao longo da trajetória de uma pessoa.
ilustração: Leonardo Matos
_Reviver memórias não é algo simples ou fácil. Esse é um percurso nem sempre claro e muitas vezes surpreendente que pode nos dar uma maior consciência a respeito de aspectos da própria índole. Reviver memórias é enfrentar um reencontro com fatos e sensações que explicam o que somos pelo que fomos e vivemos. É nos ver diante da criança que éramos para enfrentar a realidade da pessoa que nos tornamos.

_Memórias de infância já foram contadas por grandes autores, como Graciliano Ramos em Infância (1945) e Jean-Paul Sartre em As Palavras (1964). Em novembro de 2006 foi a vez do escritor português José Saramago relatar suas lembranças de criança em As Pequenas Memórias - livro lançado simultaneamente em Portugal e no Brasil.

As Pequenas Memórias de Saramago

_Em As Pequenas Memórias (2006), José Saramago reúne lembranças soltas, relatos de sua vida dos 4 aos 15 anos de idade que vão e voltam no tempo a todo instante. Essa empreitada autoral traz consigo a melindrosa tarefa que consiste em relacionar simples relatos do que Saramago traz na memória com o exercício literário.

_Como de costume, Saramago é primoroso na construção de uma prosa que por vários momentos se dissolve em poesia. A capacidade descritiva do romancista de escrita peculiar (seja na estrutura gramatical, seja no estilo) desabrocha livremente a cada fato contado com naturalidade. Conforme o próprio autor diz no livro, ali estão "as pequenas memórias. Sim, as memórias pequenas de quando fui pequeno, simplesmente." Pitadas de comédia acompanham a fala de Saramago, que em diversos momentos faz uso da auto-ironia e concede assim uma maior leveza à sua prosa.

_A idéia do livro surgiu, como revela Saramago em certa altura da obra, nos tempos em que o autor trabalhava no romance Memorial do Convento. O projeto inicial do que até então seria "O livro das Tentações" era mostrar a subversão que a idéia de santidade provocava na natureza humana, em seu lado mais animal. Depois o autor se recolheu a essa proposta mais simples em que reúne memórias de sua meninice, embora confesse enxergar nela vestígios de sua intenção inicial, como revela no trecho seguinte: "[...] sendo eu um sujeito do mundo, também teria de ser, ao menos por simples ‘inerência do cargo’, sede de todos os desejos e alvo de todas as tentações".

_Nas linhas de memórias é possível encontrar o nascimento de motivações do Saramago autor e também alguns registros históricos que fizeram parte da sua vida. O apuro da veracidade, entretanto, não é uma exigência da obra. Ao contrário, a indefinição de fronteiras acaba interagindo com o formato livre que o escritor adotou para o "enredo" do livro - que não obedece à cronologia e nem possui rígida divisão temática. Além de tudo, essa imprecisão entra na cartilha da criatividade poética que envolve a construção literária do livro.

*Diego Carvalho é graduando em Jornalismo na Facom-UFBA

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Impressões

Morte e Vida no Recôncavo

Por Matheus Magenta

Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,

a de querer arrancar
alguns roçado da cinza.

(João Cabral de Melo Neto)



Matheus Magenta é graduando em Jornalismo na Facom-UFBA

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Passepartout

Haxixe no País das Maravilhas

por Ive Deonísio

_É só falar em Alice no País das Maravilhas que todo mundo faz uma imagem mental da personagem criada pelos estúdios Disney: a menina loirinha com grandes olhos azuis. Todo mundo não, os devaneios psicodélicos e o enredo non sense de Lewis Carroll inspirou muita gente pela web a interpretar a historinha da forma mais idiossincrática possível, confira:









_Já sabe, né? Se você quer mergulhar numa experiência onírica e preservar a consciência limpa, mas não tem grana pra uma trip por Amsterdã, já decorou todas as falas de Trainspotting e não agüenta mais a sua mãe gritando pra você diminuir o volume do Pink Floyd, leia Alice no País da Maravilhas. O enredo é uma dose cavalar de simbolismo traduzido para linguagem textual e pormenores surrealistas, então você pode viajar nos delírios do Carroll sem que ninguém te encha o saco, e, de quebra, ainda vão acreditar que você faz uma leitura inocente.

domingo, 6 de julho de 2008

Meio e Mensagem

Novidades no Orkut a partir de 10 de julho

por Tarcízio Silva


_Foi anunciado no blog dos desenvolvedores do Orkut que o OpenSocial será lançado oficialmente para os brasileiros no dia 10 de julho. A partir dessa data, os usuários do Orkut poderão adicionar novos aplicativos à seus perfis, como slides, enquetes, jogos e música.

Ver para crer
_Se alguém ainda lembra, o site foi criado em 2004 visando o público americano. Apesar da interface em inglês, os brasileiros rapidamente adotaram o site afugentando, com o português, os usuários americanos. Hoje, 60% do total dos acessos é brasileiro. Entre os malditos spams em fóruns e páginas de recados e a breve - e desconhecida - tentativa do Orkut de inserção de banners publicitários, a página não trazia, até agora, uma modalidade concreta de monetização.

_Desde que o projeto foi anunciado, existe um burburinho na mídia especializada em internet e marketing. Se os brasileiros utilizarem em massa os novos aplicativos, o Orkut mudará radicalmente.
O OpenSocial é um código aberto. Na prática isso significa que tanto empresas, como agências de comunicação ou movimentos sociais poderão, caso possuam o "know-how", mirar nos mais de 20 milhões de brasileiros que usam o Orkut. Patrick Chanezon, um dos desenvolvedores do Google, mantêm blog sobre o assunto: P@ Log. Segundo ele, entre as possibilidades de marketing estão integração de conteúdo, fortalecimento de marca, apresentação de produtos e marketing viral.

Foi dada a largada...
_Os aplicativos podem ser criados por qualquer um que detenha algum conhecimento das linguagens javascript e html. Além do Google, detentor do Orkut, outras empresas aderiram ao projeto, permitindo a utilização destes aplicativos em suas redes sociais, como Hi5, MySpace, Sonico e Plaxo.

_Entre as empresas, a rede Globo já começa a testar a possibilidade. Entre os aplicativos em teste já disponíveis, a empresa lançou um aplicativo para dar palpites nos jogos do brasileirão, tudo com a marca e programação da rede. Já outros, como o BuddyPoke, oferecem joguinhos com banners publicitários.

_Algumas empresas desenvolvedoras de software também estão de olho no Orkut. Parte delas trouxe a experiência do Facebook, rede social estadunidese de sucesso que já utiliza um sistema parecido. A Mentez, baseada em Miami e com filiais na Colômbia, México e África do Sul, lançou um concurso nacional de desenvolvimento de aplicações.

_ O Google oferece uma página com documentos, vídeos e guias sobre o OpenSocial: http://code.google.com/apis/opensocial.

sábado, 5 de julho de 2008

Prova dos Nove

A folha que sobrou do caderno

por Marcel Ayres


"Todos os anos uma leva de designers se forma nos quatro cantos do Brasil e uma pergunta inquietante não quer calar: estarão esses futuros profissionais sendo preparados para enfrentar as múltiplas realidades do nosso país? Existiria uma estrutura de curso ideal para formar os profissionais de design adequados à nossa realidade? A quem interessa manter um formato de ensino ultrapassado e ineficiente? Você já parou para pensar em seu papel diante disso tudo?"


_"A folha que sobrou do caderno" é um instigante documentário que procura discutir de maneira crítica o destino e a reforma do ensino de design no Brasil. São colocadas opiniões sobre modelos ideais de cursos e o papel que professores e estudantes desempenhariam nesses modelos, bem como discussão sobre formação tecnológica e teórica. A estrutura atual do ensino, questionamentos sobre pesquisa e atualização tanto por parte dos professores como dos estudantes também são abordados. A organização estudantil como transformadora da realidade e o Movimento Estudantil fornecem o fechamento das discussões. Confira o vídeo abaixo!

A folha que sobrou do caderno


quinta-feira, 3 de julho de 2008

Circo Urbano

Brava Gente Brasileira!

por Ive Deonísio

_Nas biografias famosas sempre consta aquela perguntinha básica: “quando criança, que profissão você pensava em seguir?”, daí o entrevistado responde: “então, aos 3 anos eu queria ser veterinário, com 10 pensei em ir pra marte, depois prestei vestibular pra arquitetura e agora sigo essa carreira xyz”. Acontece que, acredite você ou não, existem iluminados que nasceram sabendo fazer algo muito bem, e não têm a menor vontade de queimar(ou não) os neurônios exercendo qualquer outra atividade.Veja com os seus próprios olhos:



_Estou tentada a afirmar (cadê a imparcialidade do jornalismo?) que esta criaturinha de 3 anos nasceu com o dom de mexer as cadeiras (pronto, falei). Repare na malemolência do garotinho, os trejeitos faciais, aquele sorriso cativante direcionado para a câmera. Além da desenvoltura natural que contabiliza bastante, o guri tem ajuda da mamãe para contribuir com o visual adequado à sua vocação. Afinal, foi ela quem obviamente escolheu, ou ao menos consentiu, a blusa de cor berrante desenhando a barriguinha protuberante cuidadosamente colocada dentro da calça, corte de cabelo estilo moicano, correntes no cós e no pescoço e relógio com detalhe dourado. Fatos como este, são provas concretas de que a pessoa é para o que ela nasce.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Impressões

E aquela atenção que antes eu ganhava...


por Ive Deonísio

Lupa 4

Quarta edição da revista Lupa.
Lançada no pós-verão 2008.

Veja fotos do lançamento - Clique aqui