quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Meio e Mensagem

Na pior das hipóteses, o mais bonito da Bahia

por Tarcízio Silva


_E o incensado novo Correio da Bahia foi lançado. Na Faculdade de Comunicação da UFBa, os comentários dos proto-jornalistas eram variações sobre “virou revista”. A qualidade gráfica, que não é nada tão excepcional em termos absolutos, incomum no jornalismo do estado foi o motivo do espanto. Mas nem toda revista é especializada e nem todo jornal é 80% texto e 20% foto p&b borrada, apesar do que faz(ia?) crer o jornalismo impresso baiano.

_Seguindo o clima de renovação da reforma editorial (ver matéria de Ana Camila), o Correio da Bahia contratou a empresa de consultoria em mídia Innovation para criar o novo projeto gráfico do jornal. É tendência mundial a substituição do formatão standard por formatos menores como o tablóide ou o berliner que o jornal adotou. Logo na primeira página o maior elemento (mais de 60% da área) é uma fotografia que toma metade do espaço. Dentro desta, "Correio da Bahia" agora é apenas "Correio*". Apenas uma palavra, e o asterisco do mesmo vermelho do "Bahia" em "O que a Bahia quer saber", frase que acompanha o logotipo. Asterisco que remete à exclamação do Yahoo! e tantas marcas web com sinais gráficos.

_A criação da redação informatizada, as incursões mais vigorosas pelo webjornalismo, e finalmente a reforma editorial e gráfica do jornal são todos decorrência da disseminação do acesso à internet no Brasil. A indústria de informação impressa se encontra em crise e, para manter-se viva acaba tanto por migrar parcialmente de mídia quanto por incorporar técnicas, estéticas e recursos característicos da internet no próprio produto impresso.

_Os degradês de laranja sumiram, graças aos deuses. A arquitetura de informação está muito melhor desenvolvida. Acima das chamadas, o número da página vem, em cor vermelha, ao lado do nome da editoria. E nada da redundância de repetir que o número é de “página”. No miolo, o topo de praticamente todas as páginas é composto de pequenas notas de 60 ou 120 palavras em média. Mesmo a seção "Mais" que apresentaria material mais longo e jornalístico - no sentido rigoroso da palavra - mantem as notinhas. A exceção é a editoria "24h", que abre o jornal com notícias mais quentes e tem uma estrutura mais livre.



_A imagem acima mostra apenas duas das dez páginas que apresentam infográficos, entre as sessenta e quatro que totalizam a publicação. Apesar de uma produção longe da qualidade apresentada pela Folha de São Paulo, a equipe de André Renato Malvar, além da retrospectica de 30 anos de Correio*, também representou visualmente bem os pontos de falta de segurança dos campi da UFBa e as contratações do Esporte Clube Bahia.

_Jornalismo cultural nulo (faço minhas as palavras de Ana Camila) na publicação, mas informação mais direta. A agenda de cinema apresenta as salas e horários em uma tabela bem mais prática e opta por não poluir a página com informações sobre produção, diretor e elenco pra um público que não está interessado nisso, ao menos não no jornal.

_Para mais conteúdo sobre a relação entre internet e jornalismo impresso, ouça o podcast de Fernando Firmino chamado “Tablodização dos jornais diante do impacto da internet”. Firmino é jornalista, doutorando do Poscóm-UFBa e blogueiro do Jornalismo Móvel.

_Clique abaixo para ver o anúncio, realizado pela Propeg, que exalta o novo Correio* e sua "diagramação dinâmica e moderna, sem precedentes na história da imprensa brasileira".

Meio e Mensagem

Novo Correio da Bahia chega às bancas

por Ana Camila

_Hoje foi o comentário na cidade. Na Facom, quase todo mundo estava com a primeira edição do novo Correio da Bahia, o jornal pro qual todo mundo torce o nariz. A expectativa não era assim tão grande, afinal de contas o Correio tem toda uma história de descredibilidade da qual não vai se livrar fácil assim. Mas convenhamos, a nova versão do periódico é um jornal que se pode ler.

_Já não é mais Correio da Bahia, mas só Correio* (sim, com esse asterisco do lado). Já não é mais no formato tradicional, mas no berliner. Já não é colorido só em algumas páginas, mas em todas. A arte gráfica mudou completamente. E o editorial avisa: trata-se agora de um “jornal plural, democrático e comprometido com o desenvolvimento econômico e social”, e tem como meta atingir um número maior de leitores, dando um “passo importante para consolidar, no meio jornal, a liderança absoluta que já conquistou em TV e rádio”. Modestos como sempre. Agora o Correio diz que publica “o que a Bahia quer saber”.

_Verdade seja dita, o Correio está transformado. Quem disser que ainda vai preferir ler o A Tarde, grandão daquele jeito, fraquinho cada dia, será apenas por fidelidade ideológica. Não é que o Correio esteja, agora, melhor que o A Tarde, mas voltou a estar no páreo. Liderada pelo jornalista Rodrigo Cavalcante, a nova equipe do Correio eliminou algumas editorias, criou outras mais abrangentes e investiu numa linguagem que considera adequada aos “leitores dos tempos modernos”.

As novidades

_A primeira nova editoria é a “24 Horas”, com as últimas e mais relevantes notícias do dia anterior nas categorias Salvador, Brasil, Economia, Mundo, Esporte e Entretenimento. O texto priorizado aqui é o de nota, textos curtos e rápidos de ler, todas as informações escritas de forma curta e grossa, pra não ter desculpa de falta de paciência por parte do leitor (moderno, segundo eles).

_A editoria “Mais” se pretende ser uma parte com reportagens que sugerem a análise dos fatos, mas não é bem isso que acontece. É apenas a editoria na qual as matérias e reportagens continuam a existir, mantendo algum espaço, já que agora o que vale são as notas, textos curtos e notícias rápidas. Boas matérias pertencem a essa editoria, no fim das contas, como a que trata da questão de insegurança na UFBA, assunto que virou agenda na mídia baiana nos últimos dias, e a que fala sobre os roubos que os instrumentistas baianos sofrem também por esses dias. Mais ou menos no mesmo tema está a matéria sobre a degradação do patrimônio de azulejos em Salvador, vítima de vandalismo e descaso. Também esta editoria está dividida nas mesmas categorias de “24 Horas”. E em “Salvador”, quando o tema é eleições municipais, adivinhem só... ACM Neto é o cara, Imbassahy é o homem do mau, João Henrique é rejeitado e Walter Pinheiro talvez um dia tenha atenção de alguém. É, algumas coisas nunca mudam...

Jornalismo cultural é nulo

_“Vida” é o nome da editoria de cultura, comportamento e lazer. Infelizmente esse é o caderno mais mal aproveitado do novo Correio. Suas 14 folhas contam com apenas duas matérias (uma sobre as academias dedicadas apenas ao público feminino e outra sobre os fãs de João Gilberto que acabaram com os ingressos à venda do seu show no TCA em 41 minutos), e o resto é todo dedicado a trivialidades como divulgação dos mais caros réveillons de Salvador (meu deus, estamos em agosto ainda), uma retrospectiva dos 30 anos do Correio (cof cof), um perfil de Murilo Benício (sou só eu ou alguém mais quer saber por que Murilo Benício?) e uma nota sobre a Oi Fashion Music. O resto é o de sempre: programação de cinema, televisão e alguns poucos eventos que acontecem na cidade, em geral aqueles dos quais já ouvimos falar. Nada de comentários sobre livros, shows, filmes, peças ou outros espetáculos, nada de colunas que não a coluna social – com exceção, devo mencionar, da coluninha do Hagamenon Brito, o melhor colunista baiano, em minha opinião, sobre o fenômeno João Gilberto. Trocando em miúdos, o novo Correio em nada contribui para o jornalismo cultural na Bahia, que é tão pobre e mal aproveitado nos jornais impressos do estado. Lástima.

_A surpresa ficou mesmo com a editoria de Esporte. Suas 14 folhas estão repletas de notas e matérias que dão atenção não somente ao futebol baiano, nacional e mundial, mas a outros esportes como o surfe, o ciclismo e o rali. O caderno de Esporte está repleto de informações por todos os lados também em forma de notas na parte superior das páginas, abrangendo o mundo do esporte por toda a Bahia, Brasil e mundo. Organizado e interessante, acaba tornando o caderno menos chato pra quem não está nem aí pra esporte.

Versão online

_O site do Correio também mudou, mas não tem muita coisa por lá. O que mudou mesmo foi o visual, que acompanha a mudança do impresso, mas ainda tem que comer muito feijão com arroz pra ser um portal de referência no jornalismo baiano. Notícias de última hora são publicadas na editoria “24 horas” O destaque vai pro fato de a versão impressa poder ser lida gratuitamente através do site, e do investimento em blogs, uma tendência dos sites dos grandes jornais. O jornalista Hagamenon Brito ganhou um blog (graças a deus), o que despreocupa os fãs da sua agora extinta coluna “Parabólica”, já que parece que o blog manterá a mesma linha. No mais, o site interage com os leitores através de enquetes, fóruns, abusa de vídeos e fotos, permite comentários nas notícias, mas o clima é ainda de experimentações e testes, nada muito expressivo.

_Em tempo: o Correio, nos dias de semana, custa apenas 1 real. Não é por nada, não, mas quem ainda compra jornal vai preferir dar 1 real num jornal com formato berliner, colorido e bonitão a dar 1,75 no velho A Tarde. Dizem que o Correio não está querendo roubar os leitores do seu principal concorrente, mas atrair novos leitores. Quem tá comendo essa história? Resta saber agora como será o Correio do fim de semana, o que ele fará com cadernos bacanas como o Correio Repórter, por exemplo, e que outras surpresas trará. Pro bem do jornalismo baiano, esperamos que sejam surpresas boas.

domingo, 17 de agosto de 2008

Circo Urbano

Amazing, guy!
por Ive Deonísio

_Depois que eu descobri que Natalie Portman é israelita (ela nasceu em Jerusalém) e que a Britney Bitch vai protagonizar uma assassina lésbica no Faster Pussycat! Kill, Kill!, o próximo filme do Tarantino, nada mais parece legal e surpreendente. Mas eu sou brasileira e não desisto nunca. Então vamos lá.

_Uma cidade tão grande e frenética como Nova York necessita de um sistema de transporte eficiente. Ok, Salvador é grande e não tem, mas isso é outra história... De todos, o metrô parece ser o mais completo, já que percorre longas distâncias rapidamente, por uma quantia módica.

_Acontece que o metrô não é apenas um meio de transporte. Entre outras coisas, ele funciona também como uma galeria de arte moderna, e é relativamente bem organizado (tem saite e tudo!).

_Além das exposições nas estações, como nas praças do Brasil e da América Latina, vários artistas de rua(?) se apresentam no espaço.

_Pulando essa parte do blá, blá, blá introdutório, o que eu queria mesmo dizer é que possa ser que o cidadão não tenha a ferramenta, mas se tiver talento, já é o suficiente. Pois então, nada de “jeitinho brasileiro”, o bom exemplo, dessa vez, vem de dois artistas do metrô de Nova York:

_Dupla de percussionistas improvisando:

domingo, 10 de agosto de 2008

Circo Urbano

Fica a dúvida
por Ive Deonísio

_Fim de férias, tempo livre maior, época de liquidação.... todo mundo acaba dando um pulinho no shopping! No Iguatemi, que é o maior templo do consumo de Salvador, acontecerá, de 03 a 24 de agosto, uma exposição de carros antigos.

_Algumas pessoas acham o antigomobilismo bacana, outras, como eu, são indiferentes. OK, agora, quem souber, por favor, devolva minhas noites de sono e me responda: como carros daquele porte entram no shopping? Porque, convenhamos, o veículo é emprestado, o dono não vai querer desmonta-lo, e, mesmo desmontado, as portas do shopping são relativamente pequenas... Será que o Mustang, por exemplo, foi, sei lá, abduzido de qualquer filme, tipo o Bullitt?

sábado, 9 de agosto de 2008

Passepartout

Exposição Fraudes Visuais


Acontece nas manhãs de 11 a 15 de agosto a Exposição Fraudes Visuais, no pátio externo da Faculdade de Comunicação da UFBA.

A Revista Fraude possui tradição em plágios e cópias nos seus cinco números já lançados. Em auto-celebração, a equipe da revista decidiu oferecer a cabeça da Macaquicha, mascote da publicação, à prêmio. Para isso, artistas gráfico-visuais foram convidados para elaborarem plágios artísticos com o tema “fraude” e com a presença do rosto da Macaquicha nas obras, de forma discreta ou não. É necessário lembrar que a premiação era apenas um engodo para que os artistas trabalhassem melhor.




A Revista Fraude é anual e traz matérias sobre cultura e arte. O periódico é produzido pelo Petcom – Programa de Educação Tutorial da Faculdade de Comunicação da UFBa.A exposição integra atividades da Semana dos Calouros da Facom – UFBA.

Serão nove artistas envolvidos:

Tulio Carapiá

Designer Gráfico graduado pela Escola de Belas Artes da UFBa, atualmente tem se dedicado ao projeto gráfico e arte para livros, livros infantis e revistas. Nas artes plásticas desenvolve pesquisa na arte da cópia, o que direcionou sua produção para a vasta área da gravura, indo das técnicas mais convencionais a infogravura.

www.flickr.com/photos/tuliocarapia


Naara Nascimento

Naara Santos de Almeida Nascimento, estudante graduanda do curso de Desenho e Plástica (licenciatura) da Escola de Belas Artes- UFBA. Está em seu oitavo e último semestre. Trabalha com pintura, desenho e ilustração.

www.flickr.com/photos/naaranascimento


Fabiano Gummo

Fabiano Gummo é desenhista gaúcho fundador da Fuzzie Cannibal Comics, um selo independente de quadrinhos que há alguns anos vem botando na roda uma vasta produção de fanzines, minicomics e minigraphicnovels.

http://www.fgummo.blogspot.com/


Toni D’Agostinho

Toni D’Agostinho é caricaturista, escritor, dramaturgo e diretor teatral, além de graduando de Sociologia e Política na Fesp-SP. Ilustra para diversas editoras e realiza apresentações ao vivo por todo o Brasil. Atualmente está finalizando seu primeiro livro de caricaturas: 50 razões para rir em nanquim.

Exposição virtual: http://www.acaricatura.com.br/


Wilton Bernardo


Wilton Bernardo é Artista plástico, publicitario e cartunista. Desde que concluiu os estudos na Escola de Belas Artes da UFBA, tem se dedicado às criações publicitárias, ao Design e á sua Ação cultural Oficina HQ.

www.oficinahq.com



Eder Maximiano

Profissional paulista formado em Desenho Indutrial - habilitação em Projeto de Produto. Trabalha com ilustrações para revistas, quadrinhos, arte conceitual de personagens para games, projeto de produtos, modelagem e animação em 3D.

http://www.edermax.com.br/


Andrea May


É artista visual que utiliza de multilinguagens, dentre os quais os meios digitais, para expressar suas ideais e imaginário. É conhecida pelos seus famosos toyarts.

www.andreamay.tk



Daiane Oliveira


Nascida em Salvador cursa Artes Plásticas na Escola de Belas Artes da UFBA. Em seu trabalho procura discutir e expor o comportamento feminino na sociedade atual, sua sexualidade, o ideal de beleza, sua autosuficiência diante dos outros e os conflitos vividos por esta mulher ora decadente ora independente, às vezes vítima ou dona de si mesma.


Piero Carapiá


É ilustrador, estudante do curso de Arquitetura e Urbanismo na UFBA e estudante do curso de Desenho Industrial, com habilitação em Programação Visual, pela UNEB. Desde cedo se interessa pelas artes gráficas. Trabalha com artes visuais de modo geral, em peças gráficas e impressos, além de trabalhar como retratista.
Marcel Ayres
Bolsista Petcom

Passepartout

Arte, cinema e revista: Kino e Renato Loose

por Tarcízio Silva

_ A Kino é uma revista digital de arte sobre cinema. Os seus primeiros cinco números tiveram como tema um filme cult: Clube da Luta, Janela Indiscreta, Taxi Driver, Corra, Lola, Corra e Volver. O sexto número, que comemora o primeiro ano da publicação bimestral, terá como tema "Seu filme preferido" e será lançada em meados de agosto.

_ Dentro da revista, a seção "Legenda" traz um texto sobre o filme, escrito por Karla Monteiro de Moraes, jornalista pós-graduada em História e Literatura, que sabe o que faz com suas três ou quatro páginas. "Trilha Sonora" é uma listinha de músicas, elaborada por um convidado diferente a cada número, preparando o clima do tema. "Trailer" resenha uma revista digital por número. Em "Capa", o ilustrador selecionado merece uma descrição à parte e ganha descrição e biografia em uma ou duas páginas.

_ Finalmente, mais da metade da revista é preenchida com os trabalhos selecionados. Ilustrações, montagens tipográficas e outras peças de design criadas por brasileiros e estrangeiros - o site da revista é bilíngue, também apresenta uma versão em inglês.

_ Formado em Comunicação Social pela UFES, o editor Renato Loose trabalha com design e alguns de seus trabalhos podem ser visto em www.renatoloose.com. A Lupa trocou algumas palavrinhas com o idealizador e diretor da Kino:

Lupa: Como surgiu a idéia da Kino?
Sempre quis ter um projeto em que pudesse divulgar trabalhos autorais e a revista digital caía como uma luva. Conta com a velocidade e o longo alcance de uma informação lançada na rede. De início, não haveria longos textos, apenas a participação de produtores de imagens, porém, ao definir o perfil da Kino, de fato, como revista, achei que caberia bem uma coluna. A Karla é uma grande amiga que já dividiu comigo uma sala de escritório por quase três anos, além de muitas sessões de filmes. Apaixonada pela "telona" e com um potencial incrível para escrever, não poderia deixar de convidá-la. Assim surgiu a primeira coluna da revista, e outras estão por vir.

Lupa: O formato revista parece ter sido uma escolha exata, inclusive demonstrado pela seção "Trailer". Qual foi a motivação para esse formato?
Fazer com que a Kino se aproximasse ao máximo do formato que conhecemos em publicações impressas. Por isso a divisão em seções e editoriais. Assim, ela já está pronta para o dia em que terá uma versão impressa, eu espero.

Lupa: Por que escolheu cinema como objeto?
Existem várias revistas virtuais e quase todas giram em torno de um formato muito semelhante: a cada edição escolhem um tema aleatório e pessoas enviam trabalhos relacionados. Na busca por sair dessa linha, acabei optando por algo que seria um tema único e ao mesmo tempo multifacetado: o cinema, que, além de tudo, é uma das minhas manias. Os filmes tem um potencial imenso para fazer com que as pessoas criem a partir das impressões que tiveram durante os minutos de exibição, ou até mesmo após isso, refletindo, debatendo. Há tantos tão provocativos que fica até difícil escolher os temas das próximas edições.

Lupa: Como acontece a escolha dos temas e dos convidados de "Trilha Sonora"?
Eu assisto muitos filmes e ouço bastante a opinião de pessoas que "respiram" cinema. Quando lancei o projeto, fiz uma lista dos que teriam grande chance de se transformarem em tema. Não estou seguindo à risca, mas todos que passaram por lá até hoje estavam nessa listagem. Como a Kino é formada em grande parte por colaboradores, houve uma edição em que o público escolheu o tema. Os convidados da Trilha são pessoas cujo trabalho eu acho interessante. Normalmente, o gosto musical acaba coincidindo e a seção fica bonita de ver, ler e ouvir. Alguns são amigos, outros apenas contatos virtuais.

Lupa: Qual teu número preferido?
Na verdade, há dois números que gosto muito. A edição 2 – Janela Indiscreta – e a edição 4 – Volver. Apesar de modelos bem diferentes entre si, não consigo escolher entre elas. Com o filme do Hitchcok, foi ótimo trabalhar num projeto editorial retrô, com o jeito da época em que o filme circulou. Já com o do Almodóvar, a liberdade que o filme proporciona é incrível. Qualquer cor é possível e toda forma é aceitável. Com tanta opção, basta combinar – ou, às vezes, descombinar – os elementos que o resultado final é satisfatório e o processo de criação muito divertido.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Prova dos Nove

Babilônia educativa

Por Amanda Luz

_Quantos sites de relacionamento você conhece hoje? Orkut, Myspace, Facebook, Twitter, Lastfm... Poderíamos ir longe com essa lista. Um dia, um alemão pensou em unir a idéia de comunidade internacional, com as mesmas bases de formação das outras redes sociais, ao ensino de línguas. O resultado é a Palabea.net, que está hospedada na rede mundial de computadores desde o ano passado, em versão beta.

_Viajar e passar algum tempo em outros país, conhecendo novas pessoas e culturas. Essa é a forma mais indicada de aprendizado em uma segunda língua, mas nem todo mundo tem essa oportunidade. Em geral, as pessoas aprendem uma língua estrangeira, e, depois de certo tempo, se sentem "enferrujados" ao tentar praticá-la. Se a Internet está aí, à disposição de interessados em diminuir as distâncias globais, por que não utilizá-la também como ferramenta educacional?

_Assim como nos sites semelhantes de redes sociais, no Palabea é possível personalizar seu perfil, com destaque para informações como as línguas as quais você fala e estuda, qual o seu nível de aprendizado nestas e seu país de origem. O site ainda disponibiliza fóruns de aprendizados, com "salas de aula", "professores" e material didático, tudo gratuito. Como em toda sala de aula, ainda dá para fazer amigos e bater-papo pelo sistema de mensagem instantânea interno.

_Para quem não pode ir à China praticar mandarim (e nem cavar um buraco para chegar lá), fazer amigos chineses no Palabea pode ser a solução.


_Outros sites semelhantes: Livemocha; Chinesepod.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Semana dos Calouros 2008.2



_A Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia organizou uma ampla programação aos calouros. De 11 a 16 de Agosto, no auditório, a semana será repleta de palestras e atividades que visam a preparar os estudantes ao universo acadêmico e profissional que os aguarda.

_Como manda a tradição, os faconianos conhecerão os principais programas e atividades oferecidas pela Facom, uma ótima oportunidade de descobrir que a Faculdade não se limita à sala de aula.

Confira o cronograma - Clique Aqui



Marcel Ayres
Bolsista Petcom

sábado, 2 de agosto de 2008

Meio e Mensagem

Cavar até o outro lado

Por Amanda Luz

_Você já pensou o que estaria logo abaixo (ou acima?) de sua cidade, no globo terrestre, caso fosse cavado um túnel até o outro lado do mundo? Pois os criadores do Map Tunneling Tool pensaram e, usando coordenadas (pontos antípodas) no mapa terrestre do Google Maps, criaram uma ferramenta onde é possível descobrir qual é o lugar diametralmente oposto ao seu local de origem. A idéia é daquelas "simples, mas bacanas", que a Internet nos dá o prazer de realizar.

_No caso de Salvador, quem está do outro lado? China? Japão? Se cavássemos um túnel daqui até o outro lado, seria possível trocar um acarajé por um sushi?

_Na verdade, segundo a ferramenta, sairíamos em algum lugar no Oceano Pacífico, entre a Papua Nova Guiné, Japão, Indonésia e Tailândia. Alguém se arrisca?

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Passepartout

E cinco, quantos são?
por Ive Deonísio


_Em um ano você pode ter um filho, fazer intercâmbio na Austrália ou juntar 500 reais no porquinho de barro. Eles montaram uma banda, ensaiaram, começaram a fazer um sonzinho nos intervalos do colégio que evoluiu para shows em espaços alternativos, e... caíram no gosto do público soteropolitano!

_O Quarteto de Cinco é mais uma banda que nasceu entre amigos de colégio, no Isba (Instituto Social da Bahia), mais precisamente. E, como em quase todos os outros grupos, os integrantes já curtiram um outro som, discutiram e participaram de projetos distintos. Mas o que eles têm mesmo de peculiar é o sincretismo musical.

_Os integrantes são capazes de harmonizar arrocha e rock ou frevo e funk. Além das composições próprias, no repertório do show estão incluídas musicas de estilos completamente diferentes como Robocop Gay, hit dos Mamonas Assassinas, ídolos da garotada anos 90 e Você Não Entende Nada, música e letra do nosso queridinho da tropicália, Caetano Veloso. Todavia, as melodias reconstruídas pelo grupo e a interação com a platéia fazem o público acompanhar as apresentações até o fim.

_Os meninos de 20 e poucos anos querem ganhar dinheiro realizando o sonho de fazer carreira com a banda. João, vocalista, cursa fonoaudiologia. Os guitarristas Beto e Silvio já estudam música na universidade, o batera Thiago também pretende seguir o mesmo caminho. Coelho (baixista) faz arquitetura, mas já correu pro conservatório.

show de comemoração pelo primeiro ano da banda

Lupa: Por que "Quarteto de Cinco" para o nome da banda e quem teve a idéia?

Beto: Chegamos até a brincar com história de numerologia, mas a verdade é simples. A gente tava naquela luta de todas as bandas pra procurar um nome. Foi quando Coelho, de brincadeira, falou poderia ser Quarteto de Cinco. É um nome estranho, muita gente acha feio ou que não é um nome comercial, mas é engraçado. Aí a gente achou que poderia ser legal e a brincadeira virou o nome da banda.

João: Estávamos na verdade com algumas idéias bem interessantes de nomes. Na verdade, procurávamos um nome tão irreverente quanto a música que nós achamos que fazemos. Foi tudo culpa de Coelho, nosso baixista! E achamos que acertamos na escolha! Viva a irreverência!

Coelho: Não vou mentir, a idéia surgiu espontaneamente num encontro descontraído com a galera da banda! Foi uma brincadeira mesmo (o que não se distancia nem um pouco do nosso modo de ser). Entretanto, tentando pensar em sentidos para esse nome, eu digo que são 5 cabeças diferentes porém, tão ligadas que se unem em quatro, numa simbiose musical. Êta que essa rendeu!

Lupa: Vocês têm 8 músicas próprias, existe algum tipo de temática para as letras e melodias?

Silvio: Apesar da maioria das composições serem minhas, acho que elas acabam tomando forma mesmo em conjunto. Eu, geralmente, falo, nas letras, do cotidiano de pessoas normais, com suas dúvidas, seus amores, decepções, sonhos. E as melodias seguem as letras. Elas geralmente me dizem pra onde levar as melodias.

Thiago:Acho que, pelas influências e pelo estilo de Silvio as músicas acabaram indo pro lado mais da relação entre um casal hipotético, com nuances entre momentos de paixão, brigas e declarações.

Beto: Não tem ninguém específico pra escrever as músicas. Na verdade, a maioria delas (7 das 8) é de Silvio, porque ele tem mais hábito de escrever. A Praia é uma parceria minha com Silvio e Olhar de Seda é uma parceria entre eu, João e o compositor baiano Gileno Félix (autor, dentre outras músicas, de Me Abraça e Me Beija, com Lazzo Matumbi). Já os arranjos são todos feitos pela banda. A temática das músicas é livre. Vai do momento de quem faz e do que a pessoa quer dizer.

Lupa: Quem é o público de vocês?

Silvio: O nosso público é quem tiver paciência de nos ouvir.

Lupa: O show é repleto de surpresas, alguns momentos de pico fazem o público vibrar. Um deles é quando vocês tocam "Black or White" do Michael Jackson e ensaiam alguns passinhos da coreografia. As performances no show são combinadas ou espontâneas?

Beto: É verdade. Esse, realmente, é um dos momentos mais vibrantes do show. Black or White é parte de um Pot-Pourri de Michael Jackson que ainda conta com Smooth Criminal e Bad. Em relação ao repertório de covers e arranjos, a gente procura fazer músicas que o público conheça, mas que não tenham sido vulgarizadas pela mídia ou pelas bandas de pop rock de Salvador. Tem muitas bandas com o repertório igualzinho e a gente tenta não entrar nesse erro. Sobre as performances no palco, elas são sempre espontâneas, mas essa espontaneidade, às vezes, faz a gente criar algumas coisas que achamos legal ou engraçado e, com isso, viram passos “ensaiados”.

Coelho: Auehauheu! Por incrível que pareça é tudo improvisado, tudo uma grande brincadeira! Queremos tornar o show divertido, tanto para o público quanto pra nós! Acho que isso torna o show mais atrativo, descontraído e é a personalidade da gente! Somos nós ali em cima mesmo e não algum personagem criado pra agradar o público! É claro que algumas brincadeiras já se tornaram ensaiadas! Hauehauehe! Paaaaareeee!

João: Acho que as besteiras, infantilidades e espontaneidades (mesmo sem noções) são as características que mais elevam o quesito “surpresas” do show. Claro que momentos como o pot-pourri de Michael Jackson ou de arrocha com Little Richard e depois um trecho de uma música de forró de sucesso atual são picos inevitáveis (até pela questão sonoridade), mas a vontade de se fazer algo, no meio de uma música ou em qualquer momento do show é o que forma o espelho da banda diante do público! Tirando a dúvida do público, 10% é ensaiado com certeza (as músicas), os outros 90% são espontâneos...

Silvio: Essa já está meio ensaiada, né? Mas, na maioria das vezes, não.

Thiago: Espontâneas, totalmente. Volta e meia, quando se trata de João, elas são avisadas pouco antes de serem executadas.

Lupa: O grupo abarca uma porção de influências musicais, mas o estilo Los Hermanos parece predominar, ele é adotado na vestimenta e no tom de voz, esse viés é proposital ou já foi incorporado inconscientemente pelos integrantes?

Beto: De fato Los Hermanos é uma das nossas influências. Tocamos 3 músicas deles no nosso repertório mas dizer que é um estilo predominante é perigoso. Cada um tem seu estilo de tocar, de ser e de se vestir. Hoje em dia, existe uma tendência muito grande de se comparar as coisas ao Los Hermanos, pelo fato de eles terem criado um estilo muito peculiar, mas eu acho que nosso estilo é bastante genérico. Na verdade, quem escuta Los Hermanos na banda sou eu, Thiago e Silvio. Sinto que João e Coelho não desgostam, mas também não gostam.

Coelho: Bem, eu acho que essa influência deve vir mais da galera, não de mim. Não escuto muito Los Hermanos, embora conheça um pouco para afirmar que é um som com muita personalidade e empolgante.

João: Particularmente, discordo que o estilo Los Hermanos “domina” a banda. Pode ser a ponta do iceberg que algumas pessoas visualizam (até mesmo pelo fato de tocarmos algumas músicas no repertório), mas embaixo há uma gama de influências intermináveis...

Silvio: Não acho que predomina, não. Na verdade, acho que a “Los Hermanos” foi uma banda que de certa forma fez muita gente repensar o jeito de compor e a música que foi produzida na década de 90 e acabou influenciando muita gente, inclusive a gente. Por ter sido um movimento muito importante e muito recente, talvez fique mais perceptível, à primeira vista, mas temos muitas outras influências na nossa música, basta ouvi-las e querer ver mais além da semelhança com a “Los Hermanos”, que acho não ser tão significante.

Thiago: É inconsciente, se é que acontece, mas a influência da banda em nosso repertório e nas letras é inegável.

Lupa: Apesar do pouco tempo de formação, vocês já tem o currículo recheado: muitas apresentações e finais em festivais importantes na cidade. Quantas apresentações vocês fizeram ao total? Qual o lugar que vocês realmente se sentem em casa, aquele preferido pra tocar?

Beto: Nós fizemos no total 41 shows nesse tempo de banda. Participamos de 2 festivais e fomos finalistas nos 2 (UNIFEST e Festival de Bandas do Bondcanto). Demos uma entrevista na rádio Itapoan FM e no último dia 15 de julho gravamos uma entrevista pra o programa Soterópolis da TV Cultura. Mantenho uma lista de registros dessas atividades da banda, porque é necessário pra não deixar que se perca.

Coelho: A apresentação preferida? Aaaaaaa, eu acho injustiça com as outras apresentações se eu nomear uma...
(e faz uma lista)

João: Mas, com certeza, pra mim, o melhor show foi do aniversário de 1 ano da banda realizado dia 8 de junho na casa de shows Boomerangue, Rio Vermelho. Eu estava feliz e com certeza dei o melhor de mim.

Silvio: (...) tocar na Boomerangue é do balacobaco! As finais do UNIFEST foram fodásticas, tocar na Concha é muito bom, mas tiveram muitas apresentações nossas que gostei e me diverti muito.

Thiago: Apesar de ser mais alternativo, o World Bar é onde nos sentimos mais em casa. Dois congressos, em especial, inclusive um em Feira de Santana. Uma galera que nunca tinha ouvido a gente e que delirou do início ao fim do show.

Lupa: A banda é uma segunda atividade para todos os integrantes, como aquele rock na garagem de casa dos anos 70?

Coelho: A gente concordou em uma coisa desde o início: esse projeto é um investimento, é pra dar certo!

João: Somos jovens, eu acho, mas estamos com o gás todo pra poder encarar qualquer tipo de situação ou desafio. Cantar nunca foi para mim uma “atividade extra”, acho que sempre foi uma válvula de escape, na verdade, do meu dia-a-dia, dos meus problemas ou sonhos pessoais... É mais uma necessidade de botar para fora algum sentimento, do que uma simples “corrida na orla 3 vezes na semana” (não que isso não seja importante na vida de uma pessoa...) Trago a música desde a infância, com meu pai cantando pela casa e me mostrando sua coleção de vinis. Claro que depois, fui buscar minha musicalidade. Engraçado, que até hoje eu continuo procurando algo que eu já encontrei em alguns aspectos da música!

Silvio: Claramente pensamos na banda como um trabalho da gente, como nossa primeira opção para sobreviver e investimos nela e se isso não der certo, acho que vou ser flanelinha ou garçom, não sei ainda.

_Do repertório próprio do grupo, confira "Olhar de Seda":