sexta-feira, 30 de maio de 2008

Cinema e reflexão histórica


Por Anaísa Freitas e Monique Passos

Esse ano marca, não apenas quarenta anos de um dos períodos mais efervescentes da História contemporânea, como também, quatro décadas do período mais violento da ditadura militar no Brasil. Relembrando a data repleta de simbolismos, os alunos do sétimo semestre do curso de Cinema e Vídeo da Faculdade de Tecnologia e Ciências filmaram, no final de abril passado, o filme 13 de Dezembro. O curta-metragem de 10 minutos, filmado no formato 16mm, retrata, no dia da edição do AI-5 (13 de dezembro de 1968), o cotidiano de diferentes personagens de mundos muitas vezes contrastantes, envolvidos pelo mesmo golpe, mas não atingidos por ele. Propondo ao expectador uma reflexão a respeito da importância da memória coletiva e do passado histórico.
O curta utiliza, como uma de suas locações, o Forte do Barbalho, não apenas por resoluções estéticas, mas por precisão histórica. Descrito muitas vezes como uma representação viva da grandiosidade das construções militares do período colonial na Bahia, o forte, primeiramente batizado como Forte de Nossa Senhora do Monte Carmelo, começou a ser construído em 1630, pelo militar Luíz Barbalho Bezerra, e concluído em 1736. Ao longo de sua existência, a fortaleza desempenhou importantes papéis na História baiana. Foi utilizado como praça de guerra e hospital para coléricos, morféticos e vítimas de varíola entre os anos de 1855 e 1892. Abrigou, ainda, prisioneiros importantes como o professor Estanislau da Silva Lisboa, participante do Movimento dos Malês, em 1835, e durante a ditadura militar, nomes importantes da vida política e cultural da Bahia ,dentre eles os professores Emiliano José, Otton Jambeiro e Arno Brichta. A partir de 18 de maio de 1982, foi entregue á Polícia Militar passando a ser ocupado pelo 7º Batalhão. Tombado pelo IPHAM em janeiro de 1957, o Forte do Barbalho é administrado pelo Governo Estadual desde agosto do ano passado.
O diretor de 13 de dezembro, Daniel Fróes, foi um dos produtores do filme O Flautista, que recebeu menção honrosa no Festival da Lapa. Segundo a produtora do curta – realizado com a contribuição da Bahia Film Comission – Aline Dakowski, 13 de dezembro, além de uma produção audiovisual, é uma reflexão prática e interdisciplinar do trabalho acadêmico, que interage com a sociedade, relembrando e criticando um período histórico tão importante, e mostra o trabalho da novíssima geração de cineastas baianos. O filme deve ser exibido no circuito de festivais e prêmios de cinema universitário ainda este ano.


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