sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Passepartout

E cinco, quantos são?
por Ive Deonísio


_Em um ano você pode ter um filho, fazer intercâmbio na Austrália ou juntar 500 reais no porquinho de barro. Eles montaram uma banda, ensaiaram, começaram a fazer um sonzinho nos intervalos do colégio que evoluiu para shows em espaços alternativos, e... caíram no gosto do público soteropolitano!

_O Quarteto de Cinco é mais uma banda que nasceu entre amigos de colégio, no Isba (Instituto Social da Bahia), mais precisamente. E, como em quase todos os outros grupos, os integrantes já curtiram um outro som, discutiram e participaram de projetos distintos. Mas o que eles têm mesmo de peculiar é o sincretismo musical.

_Os integrantes são capazes de harmonizar arrocha e rock ou frevo e funk. Além das composições próprias, no repertório do show estão incluídas musicas de estilos completamente diferentes como Robocop Gay, hit dos Mamonas Assassinas, ídolos da garotada anos 90 e Você Não Entende Nada, música e letra do nosso queridinho da tropicália, Caetano Veloso. Todavia, as melodias reconstruídas pelo grupo e a interação com a platéia fazem o público acompanhar as apresentações até o fim.

_Os meninos de 20 e poucos anos querem ganhar dinheiro realizando o sonho de fazer carreira com a banda. João, vocalista, cursa fonoaudiologia. Os guitarristas Beto e Silvio já estudam música na universidade, o batera Thiago também pretende seguir o mesmo caminho. Coelho (baixista) faz arquitetura, mas já correu pro conservatório.

show de comemoração pelo primeiro ano da banda

Lupa: Por que "Quarteto de Cinco" para o nome da banda e quem teve a idéia?

Beto: Chegamos até a brincar com história de numerologia, mas a verdade é simples. A gente tava naquela luta de todas as bandas pra procurar um nome. Foi quando Coelho, de brincadeira, falou poderia ser Quarteto de Cinco. É um nome estranho, muita gente acha feio ou que não é um nome comercial, mas é engraçado. Aí a gente achou que poderia ser legal e a brincadeira virou o nome da banda.

João: Estávamos na verdade com algumas idéias bem interessantes de nomes. Na verdade, procurávamos um nome tão irreverente quanto a música que nós achamos que fazemos. Foi tudo culpa de Coelho, nosso baixista! E achamos que acertamos na escolha! Viva a irreverência!

Coelho: Não vou mentir, a idéia surgiu espontaneamente num encontro descontraído com a galera da banda! Foi uma brincadeira mesmo (o que não se distancia nem um pouco do nosso modo de ser). Entretanto, tentando pensar em sentidos para esse nome, eu digo que são 5 cabeças diferentes porém, tão ligadas que se unem em quatro, numa simbiose musical. Êta que essa rendeu!

Lupa: Vocês têm 8 músicas próprias, existe algum tipo de temática para as letras e melodias?

Silvio: Apesar da maioria das composições serem minhas, acho que elas acabam tomando forma mesmo em conjunto. Eu, geralmente, falo, nas letras, do cotidiano de pessoas normais, com suas dúvidas, seus amores, decepções, sonhos. E as melodias seguem as letras. Elas geralmente me dizem pra onde levar as melodias.

Thiago:Acho que, pelas influências e pelo estilo de Silvio as músicas acabaram indo pro lado mais da relação entre um casal hipotético, com nuances entre momentos de paixão, brigas e declarações.

Beto: Não tem ninguém específico pra escrever as músicas. Na verdade, a maioria delas (7 das 8) é de Silvio, porque ele tem mais hábito de escrever. A Praia é uma parceria minha com Silvio e Olhar de Seda é uma parceria entre eu, João e o compositor baiano Gileno Félix (autor, dentre outras músicas, de Me Abraça e Me Beija, com Lazzo Matumbi). Já os arranjos são todos feitos pela banda. A temática das músicas é livre. Vai do momento de quem faz e do que a pessoa quer dizer.

Lupa: Quem é o público de vocês?

Silvio: O nosso público é quem tiver paciência de nos ouvir.

Lupa: O show é repleto de surpresas, alguns momentos de pico fazem o público vibrar. Um deles é quando vocês tocam "Black or White" do Michael Jackson e ensaiam alguns passinhos da coreografia. As performances no show são combinadas ou espontâneas?

Beto: É verdade. Esse, realmente, é um dos momentos mais vibrantes do show. Black or White é parte de um Pot-Pourri de Michael Jackson que ainda conta com Smooth Criminal e Bad. Em relação ao repertório de covers e arranjos, a gente procura fazer músicas que o público conheça, mas que não tenham sido vulgarizadas pela mídia ou pelas bandas de pop rock de Salvador. Tem muitas bandas com o repertório igualzinho e a gente tenta não entrar nesse erro. Sobre as performances no palco, elas são sempre espontâneas, mas essa espontaneidade, às vezes, faz a gente criar algumas coisas que achamos legal ou engraçado e, com isso, viram passos “ensaiados”.

Coelho: Auehauheu! Por incrível que pareça é tudo improvisado, tudo uma grande brincadeira! Queremos tornar o show divertido, tanto para o público quanto pra nós! Acho que isso torna o show mais atrativo, descontraído e é a personalidade da gente! Somos nós ali em cima mesmo e não algum personagem criado pra agradar o público! É claro que algumas brincadeiras já se tornaram ensaiadas! Hauehauehe! Paaaaareeee!

João: Acho que as besteiras, infantilidades e espontaneidades (mesmo sem noções) são as características que mais elevam o quesito “surpresas” do show. Claro que momentos como o pot-pourri de Michael Jackson ou de arrocha com Little Richard e depois um trecho de uma música de forró de sucesso atual são picos inevitáveis (até pela questão sonoridade), mas a vontade de se fazer algo, no meio de uma música ou em qualquer momento do show é o que forma o espelho da banda diante do público! Tirando a dúvida do público, 10% é ensaiado com certeza (as músicas), os outros 90% são espontâneos...

Silvio: Essa já está meio ensaiada, né? Mas, na maioria das vezes, não.

Thiago: Espontâneas, totalmente. Volta e meia, quando se trata de João, elas são avisadas pouco antes de serem executadas.

Lupa: O grupo abarca uma porção de influências musicais, mas o estilo Los Hermanos parece predominar, ele é adotado na vestimenta e no tom de voz, esse viés é proposital ou já foi incorporado inconscientemente pelos integrantes?

Beto: De fato Los Hermanos é uma das nossas influências. Tocamos 3 músicas deles no nosso repertório mas dizer que é um estilo predominante é perigoso. Cada um tem seu estilo de tocar, de ser e de se vestir. Hoje em dia, existe uma tendência muito grande de se comparar as coisas ao Los Hermanos, pelo fato de eles terem criado um estilo muito peculiar, mas eu acho que nosso estilo é bastante genérico. Na verdade, quem escuta Los Hermanos na banda sou eu, Thiago e Silvio. Sinto que João e Coelho não desgostam, mas também não gostam.

Coelho: Bem, eu acho que essa influência deve vir mais da galera, não de mim. Não escuto muito Los Hermanos, embora conheça um pouco para afirmar que é um som com muita personalidade e empolgante.

João: Particularmente, discordo que o estilo Los Hermanos “domina” a banda. Pode ser a ponta do iceberg que algumas pessoas visualizam (até mesmo pelo fato de tocarmos algumas músicas no repertório), mas embaixo há uma gama de influências intermináveis...

Silvio: Não acho que predomina, não. Na verdade, acho que a “Los Hermanos” foi uma banda que de certa forma fez muita gente repensar o jeito de compor e a música que foi produzida na década de 90 e acabou influenciando muita gente, inclusive a gente. Por ter sido um movimento muito importante e muito recente, talvez fique mais perceptível, à primeira vista, mas temos muitas outras influências na nossa música, basta ouvi-las e querer ver mais além da semelhança com a “Los Hermanos”, que acho não ser tão significante.

Thiago: É inconsciente, se é que acontece, mas a influência da banda em nosso repertório e nas letras é inegável.

Lupa: Apesar do pouco tempo de formação, vocês já tem o currículo recheado: muitas apresentações e finais em festivais importantes na cidade. Quantas apresentações vocês fizeram ao total? Qual o lugar que vocês realmente se sentem em casa, aquele preferido pra tocar?

Beto: Nós fizemos no total 41 shows nesse tempo de banda. Participamos de 2 festivais e fomos finalistas nos 2 (UNIFEST e Festival de Bandas do Bondcanto). Demos uma entrevista na rádio Itapoan FM e no último dia 15 de julho gravamos uma entrevista pra o programa Soterópolis da TV Cultura. Mantenho uma lista de registros dessas atividades da banda, porque é necessário pra não deixar que se perca.

Coelho: A apresentação preferida? Aaaaaaa, eu acho injustiça com as outras apresentações se eu nomear uma...
(e faz uma lista)

João: Mas, com certeza, pra mim, o melhor show foi do aniversário de 1 ano da banda realizado dia 8 de junho na casa de shows Boomerangue, Rio Vermelho. Eu estava feliz e com certeza dei o melhor de mim.

Silvio: (...) tocar na Boomerangue é do balacobaco! As finais do UNIFEST foram fodásticas, tocar na Concha é muito bom, mas tiveram muitas apresentações nossas que gostei e me diverti muito.

Thiago: Apesar de ser mais alternativo, o World Bar é onde nos sentimos mais em casa. Dois congressos, em especial, inclusive um em Feira de Santana. Uma galera que nunca tinha ouvido a gente e que delirou do início ao fim do show.

Lupa: A banda é uma segunda atividade para todos os integrantes, como aquele rock na garagem de casa dos anos 70?

Coelho: A gente concordou em uma coisa desde o início: esse projeto é um investimento, é pra dar certo!

João: Somos jovens, eu acho, mas estamos com o gás todo pra poder encarar qualquer tipo de situação ou desafio. Cantar nunca foi para mim uma “atividade extra”, acho que sempre foi uma válvula de escape, na verdade, do meu dia-a-dia, dos meus problemas ou sonhos pessoais... É mais uma necessidade de botar para fora algum sentimento, do que uma simples “corrida na orla 3 vezes na semana” (não que isso não seja importante na vida de uma pessoa...) Trago a música desde a infância, com meu pai cantando pela casa e me mostrando sua coleção de vinis. Claro que depois, fui buscar minha musicalidade. Engraçado, que até hoje eu continuo procurando algo que eu já encontrei em alguns aspectos da música!

Silvio: Claramente pensamos na banda como um trabalho da gente, como nossa primeira opção para sobreviver e investimos nela e se isso não der certo, acho que vou ser flanelinha ou garçom, não sei ainda.

_Do repertório próprio do grupo, confira "Olhar de Seda":



6 comentários:

Germano Viana Xavier disse...

parecem ser mais...

Anônimo disse...

Nossa!Esse vídeo infelizmente não pegou a banda em sua totalidade!... Ao vivo, é uma coisa tão cativante... tomara que não tirem conclusões precipitadas!
Beijoss Quartetoooooooo!

Thiago Guimarães disse...

(Silvio) Eu acho que Garçom é mais a sua cara viu... afinal é no bar coisa e tal.. rsrsrs

Mas(!) isso é preocupação insignificante em vista do talento de voces. Conheço de pertinho o trabalho dessa mulecada, e garanto! O som é muito bom, e os Shows são melhores ainda!

PS: Pra tirar a não muito boa inpressão gerada por um vídeo com qualidade de audio ruim, acessem aqui ó >> www.myspace.com/quartetodecinco

Abraço e sucesso!

Anônimo disse...

É, de fato o vídeo não ajudou muito né? Mas a banda é muito boa... eu fui na maioria dos shows e posso dizer, vale muito a pena conferir.

Dia 09 eles estarão na Boomerangue, se não me engano, e eu, lógico, estarei lá!

Beijos a todos da banda!

Sucesso pra vocês.

ps.: Silvio, sou super sua fã!

Anônimo disse...

Eu também garanto o trabalho destes meninos! Vou pra todos os show e é difícil enjoar, viu... Cativa todo mundo, aqueles que gostam de rock como eu e também aqueles que gostam de sair pra dançar, como eu... hehehe

Mas não adianta falar, não. É conferir, mesmo! Eles são excelentes músicos e são todos muito lindos de se ver(menos Coelho, o baixista, ninguém olhe pra ele, nem vale a pena!!! Ouvi dizer que ele tem uma namorada muito brava...)

Anônimo disse...

Eu também garanto o trabalho destes meninos! Vou pra todos os show e é difícil enjoar, viu... Cativa todo mundo, aqueles que gostam de rock como eu e também aqueles que gostam de sair pra dançar, como eu... hehehe

Mas não adianta falar, não. É conferir, mesmo! Eles são excelentes músicos e são todos muito lindos de se ver(menos Coelho, o baixista, ninguém olhe pra ele, nem vale a pena!!! Ouvi dizer que ele tem uma namorada muito brava...)