terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Vivendo numa bolha

por Mariana Almofrey Nogueira


Ontem foi o Dia Mundial de Luta Contra a Aids. Com o intuito de chamar atenção para a realidade de preconceito e estigmas que sofrem os portadores do vírus HIV, o Programa Nacional de DST e Aids realizou uma intervenção urbana, “O preconceito isola”.

Uma grande bolha transparente foi montada na Praça dos Três Poderes – em Brasília. Ao longo de todo o dia, um jovem ficou dentro dela, isolado das pessoas que estavam no ambiente externo.

Na base da bolha podia-se ler os dizeres do jornalista e sociólogo Herbert Daniel, que morreu no ano de 1992 em decorrência da Aids: “Há uma coisa dentro de mim, contagiosa e mortal, perigosíssima, chamada vida, lateja como desafio”.

De acordo com o site http://www.aids.gov.br/, a decisão de transformar o 1º de dezembro no Dia Mundial de Luta Contra a Aids foi tomada em outubro de 1987 pela Assembléia Mundial de Saúde – com apoio da ONU.

A data é adotada no Brasil desde 1988. A intenção é que ela sirva como um reforço a solidariedade, a tolerância, a compaixão e a compreensão com as pessoas infectadas pelo HIV.


O laço vermelho é visto como símbolo de solidariedade e de comprometimento na luta contra a Aids. O símbolo – criado em 1991 pela Visual Aids – foi escolhido por remeter a sangue e à idéia de paixão. Ele foi usado (publicamente) pela primeira vez no prêmio Tony Awards, pelo ator Jeremy Irons.

No Brasil, o tema da Campanha do Dia Mundial de Luta Contra a Aids deste ano tem como público alvo os homens acima dos 50 anos. Ela foi lançada no dia 25 do mês passado pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão e tem como slogan: “Sexo não tem idade. Proteção também não”.

A maioria dos casos de Aids ainda está concentrada na faixa etária de 25 a 49 anos. No entanto, a campanha é pertinente porque a taxa de incidência entre pessoas acima dos 50 anos dobrou entre 1996 e 2006 – passando dos 7,5 casos por 100 mil habitantes para 15,7.

No site do Programa Nacional de DST e Aids, há uma página específica para a divulgação de notícias relacionadas aos eventos do Dia Mundial promovidos nos estados, municípios e organizações da sociedade civil.
Além de Brasília, algumas cidades brasileiras como, por exemplo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Manaus e Pernambuco organizaram intervenções para marcar o dia – que foi lembrado em vários países.
Em outras cidades da América Latina foram realizadas atividades – como manifestações, apresentações artísticas, fóruns, campanhas de comunicação, concursos e realização de provas rápidas voluntárias de HIV.
O diretor regional da Unaids para a América Latina, César Antonio Núñez declarou ontem que apesar dos grandes avanços no tratamento não se pode assegurar que a epidemia esteja controlada.

Prostituta indiana participa de caravana pelo Dia Mundial de Combate à Aids em Calcutá, na Índia


Em Jacarta, na Indonésia – onde se estima que nos últimos seis anos tenham ocorrido 150.000 novos casos da doença – ativistas participaram de uma campanha contra o vírus da Aids.

Na Europa a porcentagem de população infectada pelo HIV quase duplicou entre 2000 e 2007, segundo dados divulgados ontem pelo Escritório Regional para a Europa da Organização Mundial da Saúde (OMS).

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