domingo, 25 de maio de 2008

Circo Urbano

Sonhos baianos pelo Oceano Índico



Por Camila A. C. Kowalski

_Voltar de uma viagem nunca é tarefa fácil. É claro que, no começo, você fica superfeliz de estar vendo tanto gente que nem via – e mal falava – há tanto tempo. Mas quando olha ao seu redor, quando vê as condições da sua cidade e do seu país, se questiona se tudo piorou muito ou se você havia sido vítima de uma crise de ufanismo agudo durante o tempo em que passou fora. É verdade, até o menos patriota dos brasileiros acaba idealizando um pouco o país quando viaja. Na Índia, reclamei tanto das ruas sujas, do trânsito caótico, que sequer me lembrei que Salvador não é muito diferente. Já cansei de ver faixa de trânsito acabar sem aviso, de ônibus demorar mais de 1h30 pra passar. E, bem pertinho da minha casa, que supostamente é numa área "tradicional" da cidade, tem alagamento depois de uma chuvinha de 10 minutos e o lixo acumulado na rua (isso inclui também fezes de animais e de humanos muitas vezes) faz o mais resistente cidadão sentir náuseas.

_Mas talvez o mais difícil seja fazer com que as pessoas se adaptem novamente a você. Uma viagem é um aval para moldar sua personalidade aos novos rumos que deseja seguir. Quando está longe de quem conhece sua história, o limite entre o ridículo e o espontâneo se perde e você pode se permitir extravagâncias e atitudes tão diferentes do que você se condicionou a ser, que seus amigos ficariam assombrados de ver. E o difícil é justamente isso – fazê-los se conformarem com a nova pessoa que surgiu e permitirem que ela entre (de novo) no grupo.

_Nos últimos tempos, tenho encontrado pessoas que me perguntam como foi a minha viagem. Fico estática, sem saber direito o que dizer, não vêm palavras à minha mente. Eu passei 2 meses num programa (o Ship for World Youth, ou simplesmente SWY) que ninguém acreditaria sequer que existisse. Simplesmente fui bancada pelo governo japonês (passagens, hospedagem, transporte, alimentação) para fazer um intercâmbio cultural com quase 300 jovens de 14 países, incluindo 10 do Brasil. Além de ficar um tempo no Japão, conhecendo Tóquio e Kagawa (a menor jurisdição japonesa), fui de navio até Cingapura, Omã (pra quem não sabe, é um país do Oriente Médio) e Índia. O processo de seleção é restrito a alunos de universidades federais brasileiras, que tenham bom rendimento acadêmico, estejam acima do 4º semestre e sejam fluentes em inglês.

Nas próximas semanas, tentarei contar um pouco como foi essa experiência. Por enquanto, deixo algumas fotos por aqui.


A recepção que recebi nos lugares onde paramos foi incrível


A verdadeira comida japonesa






Experiência multicultural: visita a um templo budista em cingapura




Sítio arqueológico na índia, perto de chennai




A impressionante paisagem do oriente médio





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