quinta-feira, 22 de maio de 2008

Meio e Mensagem

O MUNDO INFANTIL NO UNIVERSO DA PUBLICIDADE

Por Anaísa Freitas e Monique Passos

_Duas crianças jogam para conseguir mais biscoitos, e uma delas trapaceia e consegue ganhar da outra. Por mais improvável que pareça, essa narrativa foi parte de uma propaganda de biscoitos. Peças publicitárias como essas incitam grandes discussões e lançam a pergunta: afinal, é ético fazer propaganda para crianças? Para a psicóloga do projeto Criança e Consumo, Laís Fontenelle Pereira, não, pois “nos dias de hoje a criança aprende, desde muito cedo, através da comunicação mercadológica dirigida a ela, valores distorcidos do tipo: para ser é preciso ter”, explica.

_Outro fator agravante na publicidade dirigida ao público infantil, na opinião da psicóloga, é o fato de que a propaganda utiliza personagens e elementos do universo infantil, para um público poucas vezes capaz de distinguir isso. De acordo com Pereira, dentre as conseqüências do investimento maciço em publicidade infantil estão: incidência alarmante de obesidade infantil, a violência, a sexualidade precoce, o materialismo, estresse familiar e o desgaste das relações sociais.

_Para Tiago Rezende, publicitário da Leiaute Comunicação e Propaganda ltda., o que existe é uma tentativa de “demonização” do papel da publicidade. Para ele, a sociedade não é reflexo dos valores veiculados pela propaganda, e sim, o inverso. Além disso, Rezende entende que a criança não tem poder de compra, mas lamenta que comerciais como o descrito nas primeiras linhas dessa matéria passem pelo CONAR (Conselho de Auto-regulamentação Publicitária).
_Doutor em Educação pela UFBa, César Leiro, compreende o papel que as mídias têm no universo infantil e teme pelo seu banimento. Para ele, pais e educadores devem propor a esse público uma alternativa crítica de recebimento desses anúncios publicitários. “A partir disso, a criança aos poucos, respeitando seu tempo e sua capacidade, passa a construir um grau de autonomia aos apelos publicitários”, assegura Leiro.

_Regrar crianças e seus maus modos, quando exigem a compra de um produto na marra, limitar o poder de atuação das empresas publicitárias e capacitar educadores para o diálogo com os pequeninos, essas talvez sejam alternativas para barrar nas crianças a absorção inconsciente do anúncio embutido nos programas infantis.


Hyundai Santa Fé - Comercial TV

_Este comercial, já banido na Nova Zelândia, é um claro exemplo de publicidade abusiva, pois transmite valores distorcidos, estimula a criança, futuro adolescente, a agir de forma a colocar em risco a sua própria segurança, além de incitar a transgressão da Lei de Trânsito.

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